quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Contexto histórico, político e social do Brasil (1955-1968)

O Brasil e o restante da América do Sul, mesmo antes de seu descobrimento oficial, já estavam divididos entre duas potências européias (Portugal e Castela). Oficialmente, o descobridor foi Pedro Álvares Cabral, tendo avistado terra em 21 de abril e chegado à atual Porto Seguro (Bahia) em 22 de Abril de 1500. A ocupação efetiva se deu a partir de 1532, com a fundação de vila de São Vicente, por Martim Afonso de Sousa. Insatisfeito, Dom João III decidiu criar um governo central para corrigir os problemas sem abolir as capitanias.Foi enviado Tomé de Sousa como primeiro governador-geral, que em 29 de março de 1549 fundou a cidade de Salvador como capital do Brasil. Ao longo do século XVI, foi-se ensaiando a escravidão, inicialmente a dos indígenas (que não aceitaram a escravidão e foram massacrados aos milhares pelos portugueses), e a partir das últimas décadas a dos africanos, pois já havia muitos escravos negros em Portugal. Desde seu descobrimento o país passou a ser controlado pelos português,uma vez que estes o tornaram sua colônia e dele retiraram tudo aquilo que poderia lhes trazer lucros (pau-brasil,produtos naturais tropicais,ouro,pedras preciosas entre outras coisas).Primeiramente iniciaram a exploração intensa de seu litoral e com o tempo passaram a fazer o mesmo em seu interior. Podemos dividir o contexto histórico do Brasil em Período Pré-colonial,Período Colonial,Império e por fim a parte que nosso trabalho dará maior enfoque que é a República. O período Republicano brasileiro tem início em 1889 quando junto com o Partido Republicano Paulista, Deodoro da Fonseca dá um golpe militar tornando-se presidente do governo provisório até 1891 quando a Constituição fica pronta. Entre 1889 e 1930, os Estados dominantes de São Paulo e Minas Gerais alternaram o controle da Presidência, período conhecido como República do café-com-leite.Sendo a política externa deste período caracterizada pelo isolacionismo,confirmado pela modesta participação do país na Primeira Guerra Mundial, ao lado dos aliados. Após uma década marcada por movimentos militares e turbulência política que levaram à decadência do modelo de poder deste primeiro período repúblicano,uma junta militar assumiu o controle em 1930, tendo Getúlio Vargas tomado posse pouco depois e permanecido como governante ditatorial por quinze anos (até 1945), período no qual o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial, novamente do lado aliado. Com a volta da normalidade democrática em 1945, Vargas consegue ainda ser reeleito em 1950 e permaneceu no cargo até seu suicídio em 1954. Após 1930, os sucessivos governos continuaram com o crescimento industrial e agrícola do país e com o desenvolvimento do vasto interior brasileiro. Com a morte de Getúlio Vargas,o vice-presidente João Café Filho assume o poder em 1954,período de agitação,sendo seu governo manipulado pelos políticos da UDN(União Democrática Nacional). Em 1955 é realizada uma nova eleição para a presidência do país onde Juscelino Kubitschek,lançado pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), é eleito. Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete. Foi empossado em 31 de janeiro de 1956 e governou por 5 anos, até 31 de janeiro de 1961,lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,também chamado de Plano de Metas com o lema "Cinquenta anos em cinco", o qual possuia 31 metas distribuídas em seis grandes grupos:energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e — a meta principal — Brasília. Visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a nova capital localizada no centro do território brasileiro.Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia a americana. Seu mandato foi marcado por grande calmaria política, sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças, em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insatisfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças Armadas. Com o fim das revoltas, Juscelino concedeu "anistia ampla e irrestrita" a todos os envolvidos nos acontecimentos. O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças como por exemplo a Criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), implantando várias indústrias de automóvel no país,a criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear,a expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens de Furnas e Três Marias,a criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon),a abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si,a criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço,a criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Fundação de Brasília. Durante esse governo houve um grande avanço industrial e a sua força motriz estava concentrada nas indústrias de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e não-duráveis. O governo atraiu o investimento de capital estrangeiro no país incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente as automobilísticas. Essa política desenvolvimentista só foi possível por meio de duas realizações de Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), em 1946 e a Petrobras, em 1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar a produzir chapas de ferro e laminados de aço, necessários como material para outras indústrias na fabricação de ferramentas, pregos, eletrodomésticos, motores, navios, automóveis e aviões. A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilística que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como plásticos, tintas, asfalto, fertilizantes e borracha sintética. Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas atividades econômicas tradicionais. Por esse motivo, as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do Nordeste para o Sudeste e do campo para a cidade. Os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros, enquanto que a maioria continuava política e economicamente marginalizada,ou seja,concentração de riquezas nas mãos de poucos. Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene, em 1959, para promover o desenvolvimento do Nordeste,porém,o seu partido, o PSD, era ligado aos coronéis do interior, o que impediu que a mesma fosse um instrumento da prática da Reforma Agrária na região,o que contribuiria decisivamente para o fim das desigualdades sociais. Além desses problemas, o progresso econômico também gerou muitas dívidas pois apesar de o Produto Interno Bruto – PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da América Latina,as exportações não atingiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos empréstimos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada vez mais desvalorizada. A sorte de Juscelino foi que esses problemas só vieram à tona quando seu mandato estava bem perto do fim, e isto não abalou a sua imagem diante da população, que até hoje o considera como um político visionário e de grande responsabilidade pelo desenvolvimento do país. Em 1960 foi realizada mais uma eleição presidencialista onde Jânio Quadros foi eleito com 48% dos votos válidos. Esta eleição foi caracterizada por grande participação,muitos comícios,utilização maior da TV como meio de propaganda e o uso dos símbolos como por exemplo as vassouras pelos janistas. Jânio Quadros,em 31 de janeiro de 1961, tomou posse da presidência do Brasil assessorado por João Goulart, o vice-presidente eleito,foi considerado símbolo da reforma política e da justiça social.Em seu mandato, agiu de forma firme contra a inflação e os maus resultados da burocracia. Criticou fortemente o governo de Kubitschek atribuindo à ele a inflação,o nepotismo, a má administração pública e a grande dívida externa. Criou uma nova política que firmava relações internacionais, não permitia intervenção externa à política, criou reservas indígenas, destruiu o câmbio que beneficiava apenas alguns grupos econômicos, proibiu a utilização do lança-perfume, proibiu o uso de biquíni em concursos de miss transmitidos pela televisão e ainda as brigas de galo. Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou o poder deixando toda a população assustada com sua atitude. Acredita-se que tal renúncia era apenas um tipo de encenação para que o Parlamento lhe oferecesse liberdade governamental além do apoio do exército brasileiro. O Congresso, ao contrário do que Jânio Quadros esperava, aceitou prontamente sua renúncia que daria a João Goulart a sua sucessão. Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do vice-presidente João Goulart ao posto presidencial. Tendo sérias desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças Armadas alegavam que a passagem do cargo colocava em risco a segurança nacional. De fato, vários grupos políticos conservadores associavam o então vice-presidente à ameaçadora hipótese de instalação do comunismo no Brasil. Com isso, diversas autoridades militares ofereceram uma carta ao Congresso Nacional reivindicando a extensão do mandato de Ranieiri Mazzilli, presidente da Câmara que assumiu o poder enquanto Jango estava em viagem à China. Inicialmente, esses militares se manifestavam à realização de novas eleições para que a possibilidade de ascensão de Jango fosse completamente vetada. No entanto, outros políticos e militares, como o Marechal Lott, eram a favor do cumprimento das regras políticas. Foi nesse contexto que várias figuras políticas da época organizaram a chamada “Campanha da Legalidade”, onde utilizavam dos meios de comunicação para obter apoio à posse de João Goulart.Paralelamente, sabendo das pressões que o cercavam, Jango estendeu sua viagem realizando uma visita estratégica aos EUA, como sinal de sua proximidade ao bloco capitalista. Com a possibilidade do golpe militar enfraquecida por essas duas ações, o Congresso Nacional aprovou arbitrariamente a mudança do regime político nacional para o parlamentarismo. Dessa maneira, os conservadores buscavam limitar significativamente as ações do Poder Executivo e, consequentemente, diminuir os poderes dados para Jango. Foi dessa forma que, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a vaga deixada por Jânio Quadros. A instalação do parlamentarismo fez com que João Goulart não tivesse meios para aprovar suas propostas políticas. Mesmo assim, elaborou um plano de governo voltado para três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico, o combate à inflação e a diminuição do déficit público. No entanto, o regime parlamentarista impedia que as questões nacionais fossem resolvidas por meio de uma consistente coalizão política. O insucesso do parlamentarismo acabou forçando a antecipação do plebiscito que decidiria qual sistema político seria adotado no país. Em 1963, a população brasileira apoiou o retorno do sistema presidencialista, o que acabou dando maiores poderes para João Goulart. Com a volta do antigo sistema, João Goulart defendeu a realização de reformas que poderiam promover a distribuição de renda por meio das chamadas Reformas de Base. Em março de 1964, o presidente organizou um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defendia a urgência dessas reformas políticas. Nesse evento, foi presenciada a manifestação de representações e movimentos populares que apoiavam incondicionalmente a proposta presidencial. Entre outras entidades aliadas de Jango, estavam a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas (defensoras da Reforma Agrária) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o golpe contra João Goulart. Ao mesmo tempo, os grupos conservadores realizaram um grande protesto público com a realização da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora (MG) marcharam para o Rio de Janeiro com claro objetivo de realizar a deposição de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar. Dessa maneira, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando mobilizar forças políticas que poderiam deter a ameaça golpista. Entretanto, a eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os primeiros passos para a ditadura militar no Brasil. No plano internacional, a vitória da Revolução Cubana fez surgir a discussão sobre as relações da força entre as grandes nações e aguçou nos países do Terceiro Mundo a consciência da necessidade de independência em relação aos Estados Unidos e à União Soviética. Tendo sido deposto o presidente João Goulart pelo golpe militar de 1964, foi baixado pela junta militar, em 9 de abril de 1964, um Ato Institucional que transformou o Congresso Nacional em Colégio Eleitoral para a designação do Presidente da República que exerceria o cargo até 31 de janeiro de 1966, quando os militares planejavam devolver o poder aos civis (o que só ocorreu em 1985). Assim sendo, a eleição presidencial realizou-se no dia 11 de abril de 1964,doze dias após o golpe e foi a primeira a ocorrer de forma indireta desde 1945, elegendo Castello Branco. Entre outras medidas, o novo governo estabeleceu a nacionalização do setor petrolífero, a proibição da desapropriação de terras, a cassação dos direitos políticos de alguns parlamentares e ex-presidentes, o rompimento das relações com Cuba e a investigação contra os opositores ao governo. Os quadros ministeriais de Castello Branco foram compostos por antigas figuras políticas do UDN e do PSD, e dos pensadores da Escola Superior de Guerra, também conhecido como “grupo da Sorbonne”. Os movimentos estudantis e a União Nacional dos Estudantes (vistos como uma ameaça ao regime militar) foram colocados na ilegalidade. Os centros de ensino superior do país passaram a ser constantemente vistoriados por autoridades do regime militar. Em 1965, o Ministério da Educação e Cultura estabeleceu a reformulação das grades curriculares no ensino médio e superior. Os estudantes não teriam mais direito de participação nas questões administrativas nas faculdades. Os trabalhadores também sofreram grande pressão do governo de Castello Branco com a intervenção militar em diversos sindicatos. Na zona rural, a ascendente Liga Camponesa, liderada por Francisco Julião, foi colocada na ilegalidade. Os meios de comunicação ainda tinham uma autonomia relativa. Nos jornais ainda saíam algumas notícias denunciando as prisões arbitrárias e a prática de tortura. No entanto, essa liberdade refletiva dos meios de comunicação logo teve seu fim. A luta contra a desordem que justificava a intervenção militar logo sofreu outras frentes de oposição. No ano de 1966, os partidos contrários à ditadura conseguiram eleger governadores no Rio de Janeiro e Minas Gerais. A potencial oposição política forçou a imposição do Ato Institucional nº 2. De acordo com essa medida, todos os partidos foram postos na ilegalidade, restando apenas duas novas legendas: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e o ARENA (Aliança Renovadora Nacional). A população brasileira logo reagiu contra as arbitrariedades dos militares. Várias passeatas, manifestações e mobilizações estudantis tomavam as ruas exigindo o fim da ditadura. Em resposta, os militares colocavam os seus soldados para responder violentamente aos protestos. Logo em seguida, novos atos institucionais seriam decretados com o objetivo de refrear as vias de oposição institucional e popular. Em janeiro de 1966, o Ato Institucional nº 3 estabelecia a eleição indireta para a escolha dos governadores estaduais. Os prefeitos dos grandes centros urbanos só poderiam chegar ao poder através da nomeação dos governadores. Além disso, o regime militar poderia decretar Estado de Sítio sem a aprovação prévia do Congresso Nacional. Dessa forma, o Poder Executivo Federal ganhava amplos poderes de atuação política. No plano econômico os militares se preocuparam em combater o processo inflacionário que, na época, atingia os 100% anuais. Dessa forma, o regime ditatorial apoiou a abertura da economia para que empresas estrangeiras reaquecessem o setor produtivo brasileiro. Além disso, o funcionalismo público, o salário mínimo e as linhas de crédito foram imediatamente controlados ou reduzidos. Ao fim do mandato de Castello Branco, uma nova carta constitucional foi redigida para o país. Nela o princípio federalista, que conferia autonomia aos poderes estaduais, foi nitidamente enfraquecido. As novas Leis de Imprensa e Segurança Nacional censuravam as liberdades democráticas sobre o pretexto de controlar os “inimigos internos” da nação. A escolha do presidente ficava a cargo do Congresso Nacional, que agindo sob pressão dos militares elegia os candidatos de seu interesse. Nas eleições de 1966 o ministro da guerra Artur da Costa e Silva foi o único candidato na sucessão do Presidente Castello Branco e foi eleito em 3 de outubro de 1966. Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para que os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do país com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores mais repressivos – ganhou força para que as liberdades democráticas fossem aniquiladas e o regime finalmente consolidado. No campo econômico, o governo Costa e Silva buscou aplicar uma política de desenvolvimento capaz de aproximar os setores médios ao novo regime. Esse plano tinha como principais metas conter o processo inflacionário e a retomada do crescimento econômico nacional. Para tanto, o governo empreendeu uma série de mudanças que reduziam o consumo por meio do congelamento salarial e a abertura da economia ao capital estrangeiro. Ao mesmo tempo, os militares favoreceram os trabalhadores especializados de classe média abrindo a concessão de créditos para que essa parcela da população vivesse uma eufórica possibilidade de consumo. No cenário político da época observamos uma interessante movimentação onde apoiadores do regime passaram a se voltar contra o mesmo. Carlos Lacerda, um dos colaboradores do golpe, se uniu a outras figuras políticas da época para formar a chamada Frente Ampla, grupo político que exigia a reinstalação dos governos civis e a preservação da soberania nacional. Entretanto, a extinção dos direitos políticos e o fechamento dos partidos enfraqueceu a continuidade da Frente. O fechamento das vias oficiais de atuação política acabou transferindo um importante papel de oposição aos estudantes, que passaram a criticar a repressão e o desmando dos militares. O enfrentamento acabou provocando um grave incidente, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto acabou sendo morto pelas autoridades. Sua morte acabou incitando um grande protesto contra o regime militar que tomou as ruas do Rio de Janeiro e ficou conhecido como a Passeata dos Cem Mil. O endurecimento do regime também motivou os grupos políticos a adotarem a luta armada como via de combate aos militares. Inspirados pela Teoria do Foco Guerrilheiro, que garantiu a vitória da Revolução Cubana, esses oponentes pegaram em armas esperando empreender a derrubada do regime militar. Entre outros movimentos armados podemos destacar a Ação Libertadora Nacional (ALN), O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Ação Popular Marxista Leninista (APML). Em contrapartida, o próprio governo e determinados grupos civis organizaram ações para desestabilizar a ação dos grupos de esquerda no país. As Forças Armadas criaram serviços de informação responsáveis pelo controle das atividades. O Centro de Informações do Exército (CIEX), o Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) e o Centro de Informações da Marinha (CENIMAR) eram os três órgãos que investigavam as atividades políticas daqueles que eram considerados “uma ameaça à ordem nacional”. Entre a população civil, houve essa mesma preocupação com o estabelecimento de grupos visivelmente contra setores de esquerda. O Centro de Caça aos Comunistas (CCC),o grupo católico Tradição, Família e Propriedade (TFP) e o Movimento Anti-Comunista (MAC) completava esse processo de vigília permanente contra os possíveis inimigos da ditadura. Contudo, seria outra medida autoritária do governo que garantiria a desarticulação dos comunistas. No final do ano de 1968, o presidente Costa e Silva anunciou a instalação do Ato Institucional nº 5 que dava fim a todos os direitos civis, permitia a cassação dos mandatos parlamentares e o fechamento do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais sob a ordem direta do presidente. Ao mesmo tempo, limitava os poderes do Judiciário ao suspender o direito de hábeas corpus em crimes que iam contra a “segurança nacional”.O Congresso Nacional foi fechado desde então. Com tal medida, a perseguição política entrava em seus “anos de chumbo”, marcados pelas torturas, mortes e prisões que comporiam os sombrios “porões da ditadura”. Enquanto a repressão se fortalecia, um novo episódio autoritário tomou conta do governo com o afastamento do presidente Costa e Silva, então vítima de um derrame cerebral. A Câmara dos Deputados e Senado foram reabertos para eleger o novo presidente e vice-presidente da República, a 22 de outubro de 1969 já que o vice-presidente, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo presidencial pelas lideranças militares que dirigiam o regime e indicaram o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, Emilio Garrastazu Médici,como novo presidente do Brasil. Dessa forma, o grupo da chamada “linha-dura” impediu a flexibilização do regime e deu início a um dos períodos mais radicais da ditadura militar.

A arte no período (1955-1968) - Literatura

A cultura brasileira vivenciou um período de acentuado desenvolvimento tecnológico e industrial entretanto, neste período ocorreram diversas crises no campo político e social. Os anos 60,época do governo democrático-populista de Juscelino Kubitschek,foram repletos de uma verdadeira euforia política e econômica, com amplos reflexos culturais como: Bossa Nova, Cinema Novo, teatro de Arena, as Vanguardas, e a Televisão. A crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar que derrubou João Goulart colocaram fim nessa euforia, estabelecendo um clima de censura e medo no país (promulgação do Ato Institucional nº 5,fechamento do Congresso, jornais censurados, revistas, filmes, músicas, perseguição e exílio de intelectuais, artistas e políticos). A cultura usou disfarces ou recuou.

Literatura

A primeira manifestação de mudança na literatura se dá com a geração de 1940-50, cujo objetivo é renovar os meios de expressão a partir de uma pesquisa em torno da linguagem. No fim da década de 1950 e início da de 1960,esse movimento convive com o Concretismo,que,de certa forma, dá continuidade às pesquisas da geração de 1940-50, porém acentuando seu aspecto formal. Com o fechamento político do país imposto pelo AI-5 e com a onda de censura,prisões e exílios, a produção artística como um todo sofre um refluxo. A partir daí, dá uma dispersão cultural, que tem como consequência o aparecimento de valores individuais em lugar de movimentos artísticos organizados. Esse quadro artístico tem se mantido até o início do século XXI. Metalinguagem,experimentalismo formal, engajamento social, mistura de tendências estéticas são alguns dos traços que marcaram a produção contemporânea.
As manifestações literárias desse período desenvolvem-se a partir de duas linhas-mestras:
De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanhada do surgimento de novosartistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados as linhas tradicionais da literatura brasileira como:

O Regionalismo: que é o movimento literário que se caracteriza pela recriação ficcional ou poética da linguagem, da ambiência e dos tipos humanos de uma região.Entre as características do regionalismo está a oposição entre o meio rural e o meio urbano, identificando-se o primeiro ao regional e o segundo ao universal.Para uma obra ser regionalista ela precisa ter como pano de fundo uma região em particular e retirar desta toda sua substância real localismo,folclore,tradição,história.E contemporaneamente, alguns textos (especialmente os de investigação histórica) preservam matrizes fortes do regionalismo.

O Intimismo: que é a corrente literária e artística da expressão dos mais íntimos sentimentos da alma.

O Urbanismo: que é movimento literário pouco definido que quando presente situa as obras em meio às urbes caóticas e à tudo que acontece dentro das mesmas,retrata os edifícios, automóveis, a agitação incessante entre outros componetes dos centros urbanizados.

A Introspecção psicológica: que é o ato pelo qual o sujeito observa os conteúdos de seus próprios estados mentais, tomando consciência dos mesmos. Dentre os possíveis conteúdos mentais passíveis de introspecção, destacam-se as crenças, as imagens mentais (sejam visuais, auditivas, olfativas, sonoras, tácteis), as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral (conceitos, raciocínios, associações de idéias).Há um debate contemporâneo nos campos da Epistemologia e da Filosofia da Mente acerca da natureza, das características e da validade do conhecimento gerado pela introspecção que nada mais é do que o autoconhecimento.

De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dispersam através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pouco convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças da repressão. Nessa vertente nascem os movimentos que serão mostrados nas postagens a seguir.

Concretismo e Poesia-práxis

O Concretismo: que foi idealizado e realizado pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari(que são os principais artistas do movimento) . Em 1952 esse movimento começou a ser divulgado através da revista "Noigrandes"("antídoto contra o tédio" em linguagem provençal), mas seu lançamento oficial aconteceu em 1956, com a Exposição Nacional da Arte Concreta em São Paulo. Suas propostas aparecem no Plano- Piloto da Poesia Concreta(que era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial,São Paulo vivia o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922,por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical). Tem como características principais o ideograma (apelo à comunicação não-verbal), a atomização (comumente as palavras são desmanchadas, criando outras significações), a metacomunicação (simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal), a polissemia (muitos significados,trocadilhos, justaposição de substantivos e verbos,aliteração) e a estrutura verbivocovisual (valorização do campo visual, do aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição das palavras). o poema assume a forma de cartaz,de cartão,de anúncio,de dobradura, de fotografia,de colagem,enfim a forma de um objeto qualquer de produção industrial e o poeta se transforma em um artista gráfico,em um artesão sintonizado com o seu tempo. Teve vários desdobramentos, como o Neoconcretismo no Rio de Janeiro, o poema-processo e a poesia-práxis. Podemos compreender o concretismo observando obras como:


A poesia-práxis:que é a vanguarda poética dos anos 50 e 60 que mais deu o que falar,aquela que preoucupa-se com a palavra-energia,que gera outras palavras - uma valorização do ato de compor. O autor práxis não escreve sobre temas, ele parte de áreas (seja um fato externo ou emoção), procurando conhecer todos os significados e contradições possíveis e atuantes das mesmas, através de elementos sensíveis que conferem a elas a realidade e a existência.Tem como idéia central construir poemas com base na prática da vida.Ela surge como consequência de uma dissidência no grupo concretista,no final dos anos 50,no entanto,só em 1961 lançaria seu Manifesto Didático,assinado por seu principal poeta: Mário Chamie que em sua obra Lavra Lavra (1962) faz uma espécie de manifesto: "as palavras não são corpos inertes, imobilizados a partir de quem as profere e as usa... As palavras são corpos- vivos. Não vítimas passivas do contexto",o seu texto valoriza a palavra,caracterizando-se pela ``periodicidade e repetição das palavras,cujo sentido e dicção mudam``,conforme sua posição no texto. Os poetas práxis eram arqui-rivais dos concretos e partiam da idéia de que, no final dos anos 50, a poesia deflagrada pelos modernismo de 22 atingira um estágio de esgotamento. Em especial, criticavam os poetas da chamada geração de 45, pelo seu beletrismo neoparnasiano, sua repetição de recursos já consagrados e seu retorno às formas fixas, como o soneto. Podemos compreender a poesia-práxis observando as obras de Mário Chamie como:

Poema-processo e Poesia Social

O poema-processo: foi um movimento artístico desenvolvido no período de 1967 a 1972, decorrente do concretismo. Wlademir Dias Pino em 1967, rompeu com o grupo concreto e lançou o poema processo, com Álvaro de Sá e Moacy Cirne. O poema-processo desejava um objeto artístico reprodutível que atendesse às necessidades de informação e comunicação das massas, pautado pela lógica do consumo imediato. O signo verbal, no poema processo, perde suas particularidades lógico-semânticas e dá lugar à visualidade pura, criando a possibilidade de uma linguagem e comunicação universais. Talvez uma das principais contribuições do poema processo tenha sido a preocupação de produzir um objeto artístico que visasse à reconfiguração do indivíduo, obrigando este a, também, reconstruir o processo lógico que ordena o universo, aparentemente caótico, dos signos constituintes da linguagem do texto. Esse indivíduo, agora consciente, a partir da prática, do poder da linguagem em fundar mundos talvez estará mais atento quando se deparar – como ocorre a todo momento – com tentativas de imposição de discursos alienantes. Podemos compreender o poema-processo observando observando a obra "Sólida" de Wlademir Dias Pino:
























A poesia social: tem como seu principal mentor o maranhense Ferreira Gullar, que, em 1964, rompe com a poesia concreta e retoma o verso discursivo e temas de interesse social (guerra- fria, corrida atômica, neocapitalismo, terceiro mundismo), buscando maior comunicação com o leitor e servir como testemunha de uma época. Após o golpe militar e o Ato Institucional nº 5, empreende uma verdadeira "poesia de resistência" ao lado de outros escritores, artistas e compositores como J.J. Veiga, Thiago de Mello, Affonso Romano de Sant'Ana, Antônio Callado, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho, entre outros). Podemos compreender a poesia-social observando as obras de Ferreira Gullar como as que estão ao lado.





Ainda referindo-se à literatura contemporânea podemos retratar que a ficção brasileira a partir da década de 1960 consolidou a tendência,já apontada nas décadas anteriores, de abandonar a abordagem realista.A visão de um mundo complexo e fragmentado manifestou-se na prosa de ficção com a ruptura da narrativa linear e totalizante e com a construção de uma narração desordenada,fragmentária,sem um foco narrativo claramente definido. Com a estética modernista, o conto foi submetido a radicais transformações, sendo uma delas o enriquecimento temático proporcionado pela contribuição da literatura regionalista. Do ponto de vista técnico, o relato objetivo e linear,com sua estritura de começo,meio e fim, e a narrativa em crescendo, mantida pelo suspense, deu pouco a pouco lugar à simples evocação, ao instantâneo fotográfico, aos episódios ricos de sugestão,aos flagrantes de atmosferas intensamente poéticas, aos casos densos de significação humana.

Artes Plásticas

Pinturas

O século XX revelou para o olhar futurista um mundo tecnológico, um mundo mergulhado na vertigem da velocidade, em que tudo se podia deslocar. Um certo espírito cosmopolita impregnava a vida e promovia o encontro das pessoas. Na travessia do século, também os olhares cubistas, dadaístas e de outros movimentos artísticos buscavam caminhos novos. A arte passou a retratar coisas que pareciam ter-se cansado de ser elas mesmas, em sua cópia fiel. A arte deixou de ser um duplo do mundo. A produção das décadas seguintes aprofundou a rebeldia da modernidade. Telas não se sujeitavam mais à prisão da superfície plana e lançavam relevos no espaço. Ou se abriam para que nelas se insinuasse o ar. Esculturas recusavam o repouso de pedestais para conversar com a aragem, com o vento. A arte contemporânea interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura. No movimento artístico anterior, o artista de vanguarda tinha a necessidade de experimentar técnicas e metodologias, com o objetivo de criar novidades e se colocar à frente do progresso tecnológico. Já o artista contemporâneo coloca em suas produções a "ausência do novo", num retorno à tradição,ele tem outra mentalidade, a marca de sua arte não é mais a novidade moderna e mesmo a experimentação de técnicas e instrumentos novos visa a produção de outros significados. Tornou-se necessário para a contemporaneidade insinuar uma crítica da imagem. O artista reprocessa linguagens aprofundando a sua pesquisa e sua poética,ele associa sua liberdade de criação à técnicas tradicionais. A arte passou a ocupar o espaço da invenção e da crítica de si mesmo, não havendo mais uma visão pronta do mundo. O pintor contemporâneo sabe que ele pinta mais sobre uma tela virgem, e é indispensável saber ver o que está atrás do branco: uma história. O que vai determinar a contemporaneidade é a qualidade da linguagem, o uso preciso do meio para expressar uma idéia, onde pesa experiência e informação. Não é simplesmente o manuseio do pincel que vai qualificar a atualidade de uma obra de arte. O que há na Arte Contemporânea é uma pluralidade de estilos, de linguagens, contraditórios e independentes, convivendo em paralelo, porque a arte contemporânea não é o lugar da afirmação de verdades absolutas. Foi a partir da realização da coletiva "Opinião 65" que uma série de eventos e manifestações culturais coletivas se sucederam, sendo a um só tempo vitrine e fórum de discussão desta nova arte então emergente. Em São Paulo, este clima de entusiasmo e discussões acerca deste novo realismo nas artes também se refletiu. Os paulistas deram seqüência à discussão de questões então levantadas, e em especial acerca do caráter e da função da vanguarda brasileira, em “Propostas 65”, realizada na FAAP, em dezembro do mesmo ano, 1965. “Opinião 65” portanto, não foi apenas um marco de ruptura com a arte do passado e com uma estética cômoda, em referência à pintura abstrata mas também representou o marco de um novo ciclo que se abria no cenário artístico-cultural do país de intensos e apaixonados debates, atividades, performances, exposições e coletivas.
Nas próximas postagens serão observados os movimento artísticos mais célebres presentes na Arte Contemporânea.

Pop Art e Expressionismo Abstrato

Pop Art: o movimento surgiu na Inglaterra,em 1956, com Richard Hamilton, os artistas utilizavam imagens da sociedade de consumo e a cultura popular,criticavam o modo de vida dos americanos através de histórias em quadrinhos, propagandas e os objetos produzidos em massa.Criar produtos para a sociedade de consumo era o objetivo da pop art americana. A pop art representa um período de grande transformação na arte, principalmente na brasileira onde a ditadura militar tinha como fruto a perseguição,prisão,tortura,exílio e morte de diversos artistas em geral. A interpretação do conceito de pop art utilizado pelos americanos é diferente do entendimento dos artistas brasileiros pois estes,na década de 1960, aderiram apenas à forma e à técnica. Imprimiam sua personalidade e opinião crítica às obras, registrando sua insatisfação com a censura proporcionada pelo regime militar, utilizavam da iconografia urbana e o abuso de cores, uma inovação em relação ao construtivismo. Os artistas brasileiros tentaram resgatar alguns conceitos da pop art americana, porém esbarraram na ditadura militar e na precariedade do sistema de artes no país que não oferecia condições de pesquisa para os artistas, fazendo com que eles se restringissem às questões sociais de política e à violência sexual e urbana. O movimento contribuiu para o descobrimento de novas técnicas e suportes. A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar,Antonio Henrique Amaral e Hélio Oiticica que criou o Parangolé,segundo ele uma "antiarte por excelência",uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas e grafismos, e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel e o artista considerado um dos poucos que conseguiu aproximar-se da pop art americana.


Expressionismo Abstrato: foi um movimento que surgiu em Nova York a partir de 1940 e acabou exercendo forte influência sobre a Europa nas décadas de 50 e 60 desse século.Suas principais características eram a revolta contra a pintura tradicional,a liberdade e a espontaneidade. O Tachismo, ou a marca deixada pelo pincel, baseada na caligrafia oriental (em especial a chinesa), também teve grande influência sobre o Expressionismo Abstrato. Nesta fase, a arte abstrata passa a ser marcada pelo informalismo lírico e gestual. Os meios de comunicação fornecem os temas para a produção de obras de arte politicamente engajadas. No Brasil, seria arriscado pensar em seguidores fiéis das pesquisas iniciadas pelo expressionismo abstrato,ainda que certos críticos aproximem as obras de Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Flavio-Shiró dessa vertente.

Arte Conceitual e Arte Povera


Arte conceitual: vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra,é aquela que considera a idéia,por trás de uma obra artística como sendo superior ao próprio resultado final, sendo que este pode até ser dispensável.Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual.A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte. Marca as obras de Waltércio Caldas,Regina Silveira e Cildo Meireles,artista que intervém em sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente mensagens políticas durante a ditadura militar.

Arte Povera: pode-se traduzir por "arte pobre", designa um movimento artístico que se desenvolveu na Itália na segunda metade dos anos 60 e que durou até final da década seguinte. O crítico italiano Germano Celant foi o responsável pelo batismo e pela definição conceptual deste movimento em 1967, tornando-se um dos seus principais divulgadores. Representa uma corrente claramente identificável na sua especificidade estética pela existência de componentes comuns a vários artistas. Caracteriza-se pelo uso de materiais simples e naturais que se evidenciam pela sua banalidade ou "pobreza" e que raramente eram utilizados anteriormente, como o caso do papel, do feltro, da metal, da terra. Estes materiais, usados com o objetivo de ultrapassar as distinções entre arte e vida cotidiana, entre natureza e cultura, eram manipulados por processos de caráter eminentemente artesanal.Em alguns casos, os artistas criam trabalhos de duração efemera, utilizando materiais vivos que se decompõem mais ou menos lentamente.

Body Art e Híper-realismo

Body Art: está associada à arte conceitual e ao minimalismo. É uma manifestação das artes visuais onde
o corpo do artista é utilizado como suporte ou meio de expressão. O espectador pode atuar não apenas de forma passiva mas também como voyeur ou agente
interativo. Como criações conceituais,as obras são um convite à reflexão. Foi na década de 1960 que essa forma de arte se popularizou e se espalhou pelo mundo.Há casos em que a body art assume o papel de ritual ou apresentação pública, apresentando portanto, ligações com o Happening(que é uma forma de expressão das artes visuais que, de certa maneira, apresenta características das artes cênicas, quase sempre planejada, incorpora-se algum elemento de espontaniedade ou improvisação, que nunca se repete da mesma maneira a cada nova apresentação) e com a Performance (manifestação artística interdisciplinar que - assim como o happening - pode combinar teatro, música, poesia ou vídeo. Difere do happening por ser mais cuidadosamente elaborada e não envolver necessariamente a participação dos espectadores.Em geral, segue um "roteiro" previamente definido, podendo ser reproduzida em outros momentos ou locais. É realizada para uma platéia quase sempre restrita ou mesmo ausente e, assim, depende de registros - através de fotografias, vídeos e/ou memoriais descritivos - para se tornar conhecida do público).Outras vezes, sua comunicação com o público se dá através de documentação, por meio de videos ou fotografia. Podemos citar como importante artista brasileiro do body art Mário Mariotti (1936-1997) que experimentou diversas formas de expressão artística antes de descobrir as potencialidades plásticas das mãos. Os recursos utilizados eram quase mínimos e, não obstante, a imaginação de Mariotti era imensa e desconcertante. Com tintas, alguns adereços simples, como fios, palitos e botões, e as suas próprias mãos criou todo o tipo de figuras humanas e animais, simples, elegantes e expressivas.

Híper-realismo: também conhecido como realismo fotográfico ou fotorealismo é um estilo de pintura e escultura, que procura mostrar uma abrangência muito grande de detalhes, tornando a obra mais detalhada do que uma fotografia ou do que a própria realidade e por apresentarem uma exatidão de detalhes bastante impessoal, geram um efeito de irrealidade, formando o paradoxo: "É tão perfeito que não pode ser real". O foto-realismo não poderia existir sem a fotografia,pois se a mesma e a pintura não se confundem, a imagem fotográfica é um recurso permanente dos "novos realistas", sendo utilizada de diversas maneiras.É usada, antes de tudo, como meio para obter as informações do mundo, pinta-se a partir delas. O pintor trabalha tendo como primeiro registro os movimentos congelados pela câmera, num instante preciso. Se o modelo vivo - pessoa ou cena - sofre permanentemente as interferências do ambiente e está, portanto, sempre em movimento, a imagem registrada pela máquina encontra-se cristalizada, imune a qualquer efeito externo imediato, o que dá a ela um tom de irrealidade. No Brasil, essas preocupações tomam direções muito variadas após a década de 1960. São freqüentemente associados ao hiper-realismo alguns trabalhos de Glauco Rodrigues, por exemplo, A Juventude e de Antonio Henrique Amaral. Nas cenas urbanas de Gregório Gruber é possível identificar ecos do foto-realismo.










Escultura


Os anos 50 foram marcados pela acelerada expansão do abstracionismo, tanto de linhas geométricas como informais. O Concretismo, um estilo de abstração geométrica, se torna a moda do momento, sendo louvado por críticos e artistas e dominando os salões e galerias. Paralelamente assistiu-se ao desenvolvimento de uma abstração informal, de tendência lírica ou onírica, e logo se notou também um grupo de artistas que, não desejando abandonar de todo a figuração, passaram a incorporar estilizações abstratizantes a uma estrutura ainda figurativa, seguindo o exemplo de mestres internacionais como Picasso, Henry Moore e Alberto Giacometti. Em termos de arte pública a construção de Brasília na década de 50, um ambicioso projeto arquitetônico, urbanístico e artístico, centralizou as atenções nacionais e abriu um mercado para a produção de uma escultura monumental, sendo o coroamento de uma onda de renovação arquitetônica em larga escala que vinha acontecendo desde o Estado Novo e se disseminou pelos grandes centros urbanos do país. Nos anos 60, acompanhando o surgimento da dita Nova Figuração na pintura, frutificou entre os escultores uma tendência irônica derivada da arte Pop norteamericana, e outra que resgatava aspectos do expressionismo, refletindo o clima tenso criado pelo regime militar imposto em 1964. Entre estes anos e a década de 80 o Brasil viu ainda aparecerem obras conceituais, minimalistas, poveras, land art, instalações, móbiles e obras que recuperavam elementos da arte popular. Tantas tendências operando num mesmo momento acabaram por se entrecruzar, formando uma variedade inextrincável de subtipos e gêneros mistos de arte que em maior ou menor grau fundiam, transformavam e aplicavam princípios, técnicas, materiais e recursos conceituais da escultura. Todas estas linhas de trabalho ainda estão presentes na escultura brasileira mais recente. Ao contrário de se esgotarem ou envelhecerem, sua fertilização mútua tem propiciado o aparecimento de soluções sempre novas que se adaptam à evolução da arte e da sociedade, e muitos artistas experimentaram mais de uma delas ao longo de sua trajetória, tornando impossível uma categorização excludente. Contudo pode-se citar alguns nomes que se destacaram em especial em uma ou outra forma de expressão. Assim, na abstração geométrica, alinhados a princípios concretistas, neoconcretistas e minimalistas, foram ou são de importância Bruno Giorgi (que também na figuração deixou trabalhos notáveis), Ascânio MMM, Franz Weissmann, Amílcar de Castro, Lígia Clark, Emanoel Araújo, Haroldo Barroso, Yutaka Toyota, Sérgio de Camargo, Sérvulo Esmeraldo e Geraldo Jürgensen. Nitidamente conceituais são Willys de Castro e Waltércio Caldas, e a obra mista de escultura e pintura de Pedro Escosteguy, um dos pioneiros do conceitualismo politicamente engajado no Brasil. Na abstração de linha informal estão Frans Krajcberg, Caciporé Torres, Megumi Yuasa, Carlos Fajardo, Mário Cravo, Hsiao Hoara, Iole de Freitas e Akinori Nakatani. Produziram obras influenciadas pela arte Pop Gustavo Nakle, Maria Helena Chartuni e Rubens Gerchman, a figuração tinta de expressionismo foi cultivada por Francisco Stockinger, Carybé e Domenico Calabrone, e representando o realismo mágico ou o surrealismo estão Francisco Brennand e Fredy Keller.

Arquitetura


O Modernismo arquitetônico surgiu na Europa devido à necessidade de se encontrar soluções para os problemas que vinham sendo gerados pelas mudanças sociais e econômicas que a Revolução Industrial causou. Já no Brasil, as primeiras obras Modernistas surgem quando apenas se iniciava o processo de industrialização, portanto não se habilitava a solucionar necessidades sociais. No entanto, segundo Lúcio Costa, o Modernismo brasileiro justifica-se como estilo, afirmando a identidade de nossa cultura e representando o "espírito da época". No campo da arquitetura, o Modernismo foi introduzido no Brasil através da atuação e influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento, embora tenham sido arquitetos brasileiros, como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, que mais tarde tornaram este estilo conhecido e aceito. Foi o arquiteto russo Gregori Warchavchik quem projetou a “Casa Modernista” (1929-1930), a primeira casa em estilo Moderno construída em São Paulo. Os arquitetos Modernistas buscavam o racionalismo e funcionalismo em seus projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características comuns formas geométricas definidas, sem ornamentos, separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais, integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas. Quando iniciou-se no Brasil a difusão dos princípios Modernos, arquitetos recém formados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros, como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius, adeptos da arquitetura racionalista. No entanto, foi o franco-suíço Le Corbusier quem mais influência teve na formação do pensamento Modernista entre os arquitetos brasileiros. Suas idéias inovadoras influenciaram diretamente o Movimento Moderno no Brasil, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e outros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira. Le Corbusier veio ao Brasil algumas vezes, inclusive para orientar a equipe de arquitetos que, em 1936, projetou o edifício da nova sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Em suas vindas ao Brasil realizou conferências e difundiu seus ideais, reforçando ainda mais sua influência entre os jovens arquitetos da época. Aos poucos a Arquitetura Moderna Brasileira foi ganhando destaque no cenário mundial passando a ser utilizada para divulgação da boa imagem brasileira junto com o café e o futebol. Apesar dos primeiros exemplares da Arquitetura Moderna no Brasil serem de autoria de arquitetos estrangeiros, é a Oscar Niemeyer que se atribui a "popularização" deste estilo. Após a eclosão do Movimento Moderno, este subdivide-se em várias tendências estilísticas. No Rio de Janeiro a fusão dos princípios Modernistas europeus com a herança nativa resulta em uma arquitetura de formas mais livres. É nesse aspecto que evidencia-se a originalidade de Oscar Niemeyer. Abandonando o funcionalismo exagerado dos ideais Modernos, Oscar Niemeyer utiliza em suas obras formas curvas mais livres, que buscam a beleza, não sendo o resultado final da obra somente conseqüência de sua função. A história da arquitetura dá evidências de que até hoje só houve dois sistemas formais completos: o classicismo e o modernismo. A diferença básica entre o classicismo e o modernismo é a substituição da imitação pela construção formal como critério de formação de objetos arquitetônicos. A adoção de modelos dá lugar à interpretação do programa como principal elemento estimulador da forma e âmbito de possibilidades na ordenação do espaço habitável. A partir desta caracterização genérica da arquitetura moderna, a vertente brasileira pode ser vista como particularização de um modo de conceber a forma artística essencialmente diferente do classicismo, que havia dominado os quatro séculos precedentes e ainda era o paradigma dominante nas primeiras décadas do século XX. O projeto moderno é como uma atividade totalizadora que sintetiza na forma os requisitos do programa, as sugestões do lugar e a disciplina da construção. A esses critérios de construção formal, a arquitetura moderna brasileira acrescentou valores da arquitetura tradicional abstraídos, o que lhe permitiu ser parte da produção cultural contemporânea, sem ter que abrir mão de suas raízes históricas. A presença de valores históricos na arquitetura moderna brasileira se baseava na utilização da substância dos precedentes históricos, ao invés da sua aparência, em um aproveitamento muito mais tipológico do que mimético da sua tradição. O entendimento de que a possibilidade de resolver formalmente um programa de modo original não implica a obrigatoriedade de fazê-lo,é demonstração da maturidade alcançada por nossa arquitetura em muito pouco tempo. Os projetos davam forma aos programas sem serem determinados por eles, de modo bastante diferente da relação de causa e efeito por tantas vezes atribuída a um certo funcionalismo moderno.Longe de qualquer insensibilidade em relação ao entorno, o sítio era entendido como formalidade latente, e o projeto estabelecia estruturas relacionais em que o edifício era sempre concebido como parte de um todo maior. A própria variedade das soluções encontradas para adaptar a arquitetura moderna ao clima tropical é evidência da importância atribuída ao lugar na prática arquitetônica pré-Brasília. Por último, verificaremos uma saudável relação entre forma e técnica, na qual a definição da estrutura formal e do caráter de cada edificação explorava a disciplina imposta pela construção. Entre os arquitetos de destaque no Movimento Moderno brasileiro estão Lúcio Costa, cuja obra e contribuição teórica são de grande importância, Affonso Eduardo Reidy, Attilio Correa Lima, os irmãos Marcelo e Milton Roberto e entre outros artistas reconhecidos podemos dar maior enfoque para Oscar Niemeyer.
Oscar Niemeyer arquiteto brasileiro considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Modernista internacional foi um pioneiro na exploração das possibilidades construtivas únicas do concreto armado, uma técnica de estrutura que diferencia-se do concreto devido ao fato de receber uma armadura metálica responsável por resistir aos esforços de tração. Apesar de ser um defensor do utilitarismo, suas obras não tinham a aparência fria ou forma blocada tão criticada por pós-modernistas. Seus prédios têm formas tão dinâmicas e curvas tão sensuais que fazem com que se diga que Niemeyer seja mais um escultor monumental que um arquiteto. No Brasil, projeta em São Paulo o Conjunto do Ibirapuera (um parque com pavilhões de exposições em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade) e o COPAN, em 1951 e no ano seguinte constrói sua própria casa no Rio de Janeiro. Esta, chamada a Casa das Canoas, nome da estrada em que se encontra, tornar-se-á muitos anos mais tarde parte da Fundação Oscar Niemeyer.Em 1956, Juscelino Kubitschek volta a entrar em contato com Niemeyer. Desta vez tem um projeto político mais ambicioso, e o chama para a direção da Novacap, empresa urbanizadora da nova capital, um projeto para mover a capital nacional para uma região despovoada do centro do país.Niemeyer abre um concurso para o projeto urbanístico de Brasília, a nova capital e o vencedor é o projeto de seu antigo patrão e grande amigo, Lucio Costa. Niemeyer ficaria com os projetos dos prédios e Lucio Costa com o plano da cidade.Em poucos meses, Niemeyer projeta dezenas de edifícios residenciais, comerciais e administrativos. Entre eles a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto) além de prédios residencias e comerciais. A própria forma da cidade, em forma de avião, dá elementos que se repetem em todos os prédios, dando-lhes uma unidade formal. A Catedral de Brasília é especialmente bela, com diversos simbolismos modernos. A sua entrada se dá pelo subsolo, um corredor mal-iluminado que contrasta com um saguão com iluminação natural forte que deixa transparecer o céu único de Brasília. Por trás da construção de Brasília, uma campanha monumental para construir uma cidade inteira a partir do nada, no centro árido do país, estava a intenção de Kubitschek de alavancar a indústria do país, integrar suas áreas distantes, povoar regiões inóspitas e trazer progresso onde havia somente vaqueiros. Niemeyer e Lucio Costa aproveitaram para pôr em prática os seus conceitos modernistas de cidade: ruas sem trânsito (Niemeyer diria que é um desrespeito ao ser humano que ele tome mais de 20 minutos no transporte de uma região a outra), prédios flutuando sobre o solo, apoiados em colunas e permitindo o espaço em baixo livre, integração com a natureza. Uma ideologia socialista também se ensaiou: em Brasília todos os apartamentos deveriam ser do governo que os cedia para seus funcionários, não havia regiões mais nobres, ministros e operários dividiriam o mesmo prédio. Brasília deveria ser uma cidade contida em si, não se expandir além dos projetos originais, previa-se que assim que ficasse cheia, outras em moldes parecidos seriam construídas em diversas regiões.
A partir da inauguração de Brasília percebe-se a decadência gradual dos valores que possibilitaram uma arquitetura de tal qualidade que foi aclamada no exterior, ombreando-se com o que de melhor foi realizado em todo o mundo naquela época.Assim pode ser evidenciada a perda de qualidade e direção da prática arquitetônica posterior à década de 1960, situação na qual ainda estamos imersos devido a diversos fatores internos e externos que decorreram, porém o principal fator que determinou o abandono da arquitetura moderna no Brasil, e que inclusive permitiu a penetração tão fácil de valores culturais prejudiciais, foi o desconhecimento do que significava essa arquitetura e quais eram seus verdadeiros valores, por parte das gerações que sucederam aquela, tão bem sucedida.

Música - Bossa Nova

Os anos que se seguiram entre as décadas de 1950 e 1960 caracterizaram-se por uma interminável pluralidade musical onde tiveram destaque tanto pelo sucesso quanto pelo contexto histórico a que pertenciam a Bossa Nova, o Tropicalismo e a Jovem Guarda.

A Bossa Nova


A década de 50 foi marcada pelo aparecimento de uma geração de músicos e poetas que mudou definitivamente o estilo de nossa música popular: a Bossa Nova, que foi atacada pelos críticos mais ortodoxos como mera influência do jazz em nossa música. Nada mais retrógrado e fora da realidade, porque, se alguma influência houve, ela se deu no sentido contrário, com os maiores músicos americanos prestando homenagens sem conta à Bossa Nova. É só lembrar as gravações de Frank Sinatra com Antonio Carlos Jobim, as do saxofonista Stan Getz, as de Ella Fitzgerald, assim como as de Sarah Vaughan. Como sempre, o “novo” causa embaraço e temor ao “estabelecido”, e a Bossa Nova chegou para sepultar um jeito excessivamente romântico e europeizado que cobria de mofo parte da riqueza de nossa música. A Bossa Nova surgiu em uma circunstância muito especial da história do Brasil, que redemocratizado após o fim da Segunda Guerra Mundial, começava a se encontrar com seu destino. Há quem considere decisivo o surgimento de um baiano chamado João Gilberto, que com seu jeito “diferente” de cantar e tocar violão subverteu a máxima que garantia que “bom cantor, tinha que ter vozeirão”. João chegou de mansinho com um repertório que incluía músicas novas e releituras de antigos sucessos da MPB. E o seu primeiro disco, “Chega de Saudade”, gravado e lançado em 1959, tornou-se a primeira pilastra do monumento nacional chamado de Bossa Nova. Na verdade, a Bossa Nova não chegou para relegar ao passado a nossa memória musical. Muito ao contrário, revigorou o samba urbano, trazendo um acento diferente que encantou o mundo. Pode-se dizer que, apesar de o Papa da Bossa Nova ser baiano, ela surgiu na Zona Sul do Rio de Janeiro, num perímetro que ia de Copacabana a Ipanema. É que ali vivia uma geração de jovens extremamente talentosos: Tom Jobim, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Ronaldo Boscoli e muitos outros. Reunidos em apartamentos em Copacabana como dos pais de Nara, ou do poeta e compositor Osvaldo Santiago (parceiro de Braguinha), eles iam trocando figurinhas, namoros, harmonias, melodias, letras de música.Jobim, o mais profissionalizado de todos, já que vivia de tocar na noite e dos arranjos que começava a escrever, viria a se tornar um ícone da Música Popular Brasileira, seja nas suas parcerias com Newton Mendonça ou com Vinícius de Moraes. Se bem que uma de suas canções mais conhecidas (ao lado de “Garota de Ipanema”, feita em parceria com Vinícius), e que é considerada a música brasileira de maior número de gravações e execuções em todo o mundo, foi feita sem parceiros: a maravilhosa “Águas de Março”, que em dueto com Elis Regina, até hoje certamente ainda encanta desde o mais simples ouvinte até os anjos no Paraíso. O que havia de realmente diferente naquela nova música que surgia era o fato de que seus autores não vinham dos morros, como os sambistas tradicionais, ou das camadas mais desfavorecidos do tecido social brasileiro. Quase todos nasceram em ambientes de classe média ou alta, o que lhes proporcionou uma educação mais ampla. Puderam estudar música de forma sistemática, e em suas vitrolas rodavam, além dos discos de música brasileira, os grandes compositores americanos como George Gershwin, Richard Rodgers e Cole Porter, tendo sido influenciados por eles no que se refere ao apuro técnico, aos arranjos e à qualidade das gravações. Este “berço dourado” foi o responsável por muitos dos ataques desferidos à Bossa Nova por aqueles estudiosos e críticos mais severos. Para eles, só a música vinda do “povo” poderia ser rotulada de “verdadeiramente brasileira”. Se estes acertavam no alvo ao apontar o samba, o choro, o baião e alguns outros ritmos como os verdadeiros produtos de nossa cultura, erravam feio ao discriminar a Bossa Nova por não ter ela nascido em favelas, mocambos ou mangues. Havia algo de errado no reino da sociologia da música, e o tempo se encarregaria de mostrar quem estava com a razão. É preciso destacar também o estupendo avanço na tecnologia de gravação – microfones mais sensíveis, a construção de estúdios de primeira qualidade, a passagem do HI-FI (alta fidelidade) para o sistema estéreo, o surgimento do LP, aposentando definitivamente as pesadas “bolachas” de 78 rotações por minuto. Não era mais preciso ter voz de tenor (como Francisco Alves) para tocar o coração do público. Bem é verdade que alguns poucos artistas, como Mário Reis e Dick Farney já haviam mostrado o caminho da suavidade, mas eram ambos figuras isoladas em um cenário onde o “dó de peito” dominava. Aliás, a revolução da Bossa Nova foi também determinante na transformação das cantoras brasileiras. Antes, elas se dividiam em “carnavalescas” (Carmem Miranda, Linda e Dircinha Batista) e trágicas (Elizeth Cardoso, Maysa e até Claudete Soares, que mais tarde se “Bossanovizou” como diziam na época). A partir daí, a interpretação passou a marcar presença de modo muito mais suave. Exemplo claro é o de Nara Leão, que de tanto ouvir música em casa acabou por se tornar a musa da Bossa Nova. Com seu fio de voz Nara conquistou uma legião de admiradores dentro e fora do círculo musical, tornando-se uma típica cantora da Bossa Nova e marcando, definitivamente, o seu lugar na história de nossa música popular. É só ouvir com atenção as faixas com Nara (“Esse seu Olhar”, “Outra Vez”, “Wave”, “Samba de Uma Nota Só”). É bom destacar que esta última faixa é bem um retrato da arquitetura musical da Bossa Nova - uma linha melódica muito simples, quase de “uma nota só” mesmo, que balança marota sobre uma harmonia com poucos, mas bem escolhidos acordes.Duas artistas que também deram sua contribuição foram Sylvia e Cláudia Telles, com “Discussão” e “Ilusão à Toa”. Outro fio de voz que também podemos citar é o de Astrud Gilberto, que foi casada com João Gilberto e mais tarde com o saxofonista americano Stan Getz. Astrud foi uma das responsáveis pela difusão da Bossa Nova nos Estados Unidos, e pode ser ouvida nesta viagem sonora em “Só Tinha que Ser com Você”.Elis Regina também não resistiu aos encantos da Bossa Nova, tendo gravado muitas faixas solo ou com Tom Jobim. Se havia alguma dúvida quanto ao “pedigree” da Bossa Nova, já que as suas musas não eram verdadeiras “divas vocais”, elas se dissiparam a partir do momento em que Elis gravou Tom, Carlos Lyra e muitos outros. Também foi a Bossa Nova a responsável pelo incremento dos grupos vocais em nossa música. Não é que não existissem antes, como atesta a presença marcante dos paulistas Demônios da Garoa, muito vinculados à obra do grande Adoniran Barbosa, ou os Namorados (mais tarde “Garotos”) da Lua. Mas é que as vozes passaram a ser tratadas como instrumentos, com harmonias mais complexas em vez de uníssonos ou no máximo acordes em terças (maiores ou menores). Com o estudo da harmonia se tornando comum entre os jovens músicos, certamente a tessitura vocal só teria a ganhar. Data do começo dos anos 60 o surgimento de dois grupos que até hoje se mantém fiéis à sua origem: os rapazes do MPB-4 e as meninas do Quarteto em Cy. Acompanhando cantores e compositores em festivais ou em shows solo, estes dois grupos marcaram presença ao longo de décadas de boa música, irreverência e resistência cultural quando as nuvens pesadas da censura escureceram os horizontes culturais brasileiros, a partir de 1968. O Quarteto em Cy gravou “Soneto do Amor Total”, “Imagem”, “Canto de Ossanha” e “Chega de Saudade”, dentre outras com versos de Vinicius de Moraes, um “mulherólogo” diplomado, que ao longo de seus diversos casamentos tratou de criar “receitas para o amor eterno”. Enquanto este durasse, é claro. Então, nada melhor do que quatro mulheres para interpretá-las! É bom que se citem Os Cariocas, um verdadeiro combinado de vozes e instrumentos, em eternas disputas com o mítico Tamba Trio. Já o MPB-4 sempre foi combativo na escolha de seu repertório e na temática de seus shows. Certamente os quatro rapazes também cantaram as dores e alegrias do amor, mas estavam sempre conectados com a realidade social do país, como estavam, aliás, muitos dos jovens daquela época.Outro grande nome de nossa música: Edu Lobo, filho do jornalista e compositor Fernando Lobo (autor do livro “Na Mesa do Vilarinho”, fundamental para quem quer saber mais sobre a nossa música, além de sucessos como “Nega Maluca”), não é o que se pode chamar de “Bossanovista”, por natureza, mas era - e é – certamente, um passo adiante na evolução de nossa arte maior. Sua matéria-prima básica era a música que ouviu na Recife de seus pais, mas com um novo sentimento. Aos vinte e poucos anos, já era considerado um gênio por canções como “Arrastão”, ganhando festivais sem conta e emocionando as platéias com seu jeito tímido e rosto de bom moço. Por trás daquela imagem, um músico talentosíssimo, exigente e rigoroso em seu trabalho, que até hoje reluz na música brasileira. Assim como os cantores e os compositores, também os músicos brasileiros absorveram com ardor as lições da Bossa Nova. Grandes instrumentistas sedimentaram sua carreira e criaram uma escola bem brasileira de tocar e arranjar. Durante o período dos grandes programas de música ao vivo na TV Brasileira, a “batalha” entre os grupos instrumentais a cada dia se sofisticava mais. E tanto o Rio de Janeiro quanto São Paulo abrigaram verdadeiros “templos” de música. Tamba Trio, Jongo Trio, Bossa Três, Copa cinco, o grupo de Sérgio Mendes, todos verdadeiros escretes a serviço da música.Também aí se vê outra dramática mudança provocada pela Bossa nova. Em décadas anteriores, os solistas eram as figuras de frente das formações: Waldir Azevedo, Pixinguinha, Jacob do bandolim e muitos outros. Mas a nova música destacava a seção rítmica dos grupos, geralmente formado por piano, bateria e baixo. Esta foi a verdadeira base da Bossa Nova em disco e shows ao vivo, e o nome de Luiz Eça, do Tamba Trio, é um dos que brilham mais forte. Eça fez arranjos para um sem-número de shows e discos, além dos próprios. Sérgio Mendes é um dos mais bem-sucedidos músicos brasileiros no exterior. Seus discos sempre estiveram nas paradas de sucesso e ele deve muito à Bossa Nova e ela à ele. Com o Bossa Rio, o Brasil 66 e outras formações, Sérgio foi um dos artistas que solidificaram este jeito brasileiro de fazer música.Não há dúvidas de que os fabricantes de violão foram muito beneficiados pela Bossa Nova. Mais prático que o pesado acordeão e mais simples de tocar que o vetusto piano, rapidamente o violão perdeu a aura de “instrumento de malandro” e subiu na escala social. Se João Gilberto já emprestara um ar moderno ao “pinho”, a revalorização deste tradicional instrumento se deu pelas mãos de um grande artista, Baden Powell, que faz em seis cordas a música de muitos instrumentos. Além de João Gilberto, famoso pelo talento e algumas excentricidades, há ainda outras “figurinhas carimbadas”, como por exemplo João Donato. Considerado um dos mais criativos músicos brasileiros de todos os tempos, Donato também coleciona uma obra avara, mas muito bem construída. Um exemplo é “A Rã”, que recebeu letra de Caetano Veloso muitos anos depois de composta e foi gravada por Gal Costa. Com tudo isso, há que se perguntar, se alguém ainda duvida da força da Bossa Nova. Bem, há sempre os saudosistas, que apostam todas suas fichas na força de uma tradição imutável e esterilizada. Mesmo entre os artistas de outras linhas da MPB, como os tropicalistas Caetano Veloso e Gilberto Gil, a Bossa Nova é uma unanimidade. Caetano sempre destacou a importância de João Gilberto e Tom Jobim e outros em sua vida artística. Gil, um artista de amplo espectro musical, compôs algumas músicas calcadas na Bossa Nova, e também presta reverência a este movimento artístico. Para não falar os roqueiros, como Lobão e Cazuza, que também escutaram os discos básicos da Bossa Nova, mesmo sendo adeptos das guitarras elétricas, do rock e do blues. As muitas homenagens prestadas em incontáveis festivais internacionais, as gravações de famosos instrumentistas, a reverência dos críticos diante do “Brazilian Beat” são provas mais que suficientes de que a Bossa Nova, Brasileira de alma e coração, tem um espírito universal que toca aos amantes da boa música de qualquer quadrante do planeta. É claro que a riqueza musical brasileira tem ainda tesouros imensos para serem explorados, mas a Bossa Nova brilha no lábaro estrelado para sempre, e será sempre uma referência fundamental para quem quiser saber quando e como foi que a nossa música rompeu as barreiras da língua e dos mercados estrangeiros, para ser aceita universalmente como uma das mais belas expressões do jeitinho brasileiro
de ser.

Tropicalismo

"A Tropicália foi o avesso da Bossa Nova". Assim o compositor e cantor Caetano Veloso define o movimento que, ao longo de 1968, revolucionou a música popular brasileira. Dessa corrente, liderada pelo baiano de Santo Amaro da Purificação, também participaram ativamente os compositores Gilberto Gil e Tom Zé, os letristas Torquato Neto e Capinam, o maestro e arranjador Rogério Duprat, o trio Mutantes e as cantoras Gal Costa e Nara Leão. Diferentemente da Bossa Nova, que introduziu uma forma original de compor e interpretar, a Tropicália não pretendia sintetizar um estilo musical, mas sim instaurar uma nova atitude: sua intervenção na cena cultural do país foi, antes de tudo, crítica. A intenção dos tropicalistas não era superar a Bossa Nova, da qual Veloso, Gil, Tom Zé e Gal foram discípulos assumidos, especialmente do canto suave e da inovadora batida de violão de João Gilberto, conterrâneo dos quatro. No início de 1967, esses artistas sentiam-se sufocados pelo elitismo e pelos preconceitos de cunho nacionalista que dominavam o ambiente da chamada MPB. Depois de várias discussões concluíram que, para arejar a cena musical do país, a saída seria aproximar de novo a música brasileira dos jovens, que se mostravam cada vez mais interessados no pop e no rock dos Beatles, ou mesmo no iê-iê-iê que Roberto Carlos e outros ídolos brazucas exibiam no programa de TV Jovem Guarda. Argumentando que a música brasileira precisava se tornar mais "universal", Gil e Caetano tentaram conquistar adesões de outros compositores de sua geração, como Dori Caymmi, Edu Lobo, Chico Buarque de Hollanda, Paulinho da Viola e Sérgio Ricardo. Porém, a reação desses colegas mostrou que, se aderissem mesmo à música pop, tentando romper a hegemonia das canções de protesto e da MPB politizada da época, os futuros tropicalistas teriam que seguir sozinhos. Com humor, irreverência, atitudes rebeldes e anarquistas os tropicalistas procuravam combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário brasileiro, retomando o ideário e as propostas do Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade. Consideradas como marcos oficiais do novo movimento, as canções Alegria, Alegria (de Caetano) e Domingo no Parque (de Gil) chegaram ao público já provocando muita polêmica, no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em outubro de 1967. As guitarras elétricas da banda argentina Beat Boys, que acompanhou Caetano, e a atitude roqueira dos Mutantes, que dividiram o palco com Gil, foram recebidas com vaias e insultos pela chamada linha dura do movimento estudantil. Para aqueles universitários, a guitarra elétrica e o rock eram símbolos do imperialismo norte-americano e, portanto, deviam ser rechaçados do universo da música popular brasileira. No entanto, não só o júri do festival mas grande do público aprovou a nova tendência. A canção de Gil saiu como vice-campeã do festival, que foi vencido por Ponteio (de Edu Lobo e Capinam). E, embora tenha terminado como quarta colocada, Alegria, Alegria tornou-se um sucesso instantâneo nas rádios do país, levando o compacto simples com a gravação de Caetano a ultrapassar a marca de 100 mil cópias vendidas – número alto para a época. Num debate organizado pelos estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, em junho de 1968, Caetano, Gil, Torquato e os poetas concretos Augusto de Campos e Décio Pignatari, que manifestavam simpatia pelo movimento, foram hostilizados com vaias, bombinhas e bananas pela linha dura universitária. O confronto foi mais violento ainda durante o III Festival Internacional da Canção, no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, em setembro. Ao defender com os Mutantes a canção É Proibido Proibir, que compôs a partir de um slogan do movimento estudantil francês, Caetano foi agredido com ovos e tomates pela platéia. O compositor reagiu com um discurso, que se transformou em um histórico happening: "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder?". Outro cenário de confronto foi a boate carioca Sucata, onde Caetano, Gil e Mutantes fizeram uma conturbada temporadas de shows, em outubro. Uma bandeira com a inscrição "Seja marginal, seja herói" (obra de Hélio Oiticica), exibida no cenário, e o boato de que Caetano teria cantado o Hino Nacional enxertando versos ofensivos às Forças Armadas serviram de pretexto para que o show fosse suspenso. Ainda em outubro, finalmente, os tropicalistas conseguiram um programa semanal na TV Tupi. Com roteiro de Caetano e Gil, Divino, Maravilhoso contava com todos os membros do grupo, além de convidados como Jorge Ben, Paulinho da Viola e Jards Macalé. Os programas eram concebidos como happenings, repletos de cenas provocativas. As principais músicas do movimento foram "Alegria, Alegria" – Caetano Veloso,"Domingo no Parque" – Gilberto Gil,"Tropicália" – Caetano Veloso, "Superbacana" – Caetano Veloso,"Soy Loco Por Ti América" (Gilberto Gil/ Capinam) – Caetano Veloso,"Marginália 2" (Gilberto Gil/ Torquato Neto) – Gilberto Gil,"Panis et Circensis" (Gilberto Gil/ Caetano Veloso) – Mutantes,"Miserere Nobis" (Gilberto Gil/ Capinam) – Gilberto Gil e Mutantes,"Lindonéia" (Gilberto Gil/ Caetano Veloso) – Nara Leão,"Parque Industrial" (Tom Zé) – Tom Zé ,"Geléia Geral" (Gilberto Gil/ Torquato Neto) – Gilberto Gil ,"Baby" (Caetano Veloso) – Gal Costa e Caetano Veloso ,"Enquanto Seu Lobo Não Vem" (Caetano Veloso) – Caetano Veloso ,"Mamãe, Coragem" (Caetano Veloso/ Torquato Neto) – Gal Costa ,"Bat Macumba" (Gilberto Gil/ Caetano Veloso) – Gilberto Gil e Mutantes ,"Saudosismo" – Caetano Veloso,"É Proibido Proibir" (Caetano Veloso) – Caetano Veloso ,"Não Identificado" (Caetano Veloso) – Gal Costa,"Divino, Maravilhoso" (Gilberto Gil e Caetano Veloso) – Gal Costa Nessa época, com o endurecimento do regime militar no país, as interferências do Departamento de Censura Federal já haviam se tornado costumeiras; canções tinham versos cortados, ou eram mesmo vetadas integralmente. A decretação do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro de 1968, oficializou de vez a repressão política a ativistas e intelectuais. As detenções de Caetano e Gil, em 27 de dezembro, precipitaram o enterro da Tropicália, embora sua morte simbólica já tivesse sido anunciada, nos eventos do grupo. A partir daí, a linguagem artística ou se cala ou se metaforiza ou apela para meios não convencionais de divulgação. Apesar de ter se revelado tão explosiva quanto breve, com pouco mais de um ano de vida oficial, a Tropicália seguiu influenciando grande parte da música popular produzida no país pelas gerações seguintes. Até mesmo em trabalhos posteriores de medalhões da MPB mais tradicional, como Chico Buarque e Elis Regina, pode-se encontrar efeitos do "som universal" tropicalista.