quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Contexto histórico, político e social do Brasil (1955-1968)
A arte no período (1955-1968) - Literatura
Literatura
A primeira manifestação de mudança na literatura se dá com a geração de 1940-50, cujo objetivo é renovar os meios de expressão a partir de uma pesquisa em torno da linguagem. No fim da década de 1950 e início da de 1960,esse movimento convive com o Concretismo,que,de certa forma, dá continuidade às pesquisas da geração de 1940-50, porém acentuando seu aspecto formal. Com o fechamento político do país imposto pelo AI-5 e com a onda de censura,prisões e exílios, a produção artística como um todo sofre um refluxo. A partir daí, dá uma dispersão cultural, que tem como consequência o aparecimento de valores individuais em lugar de movimentos artísticos organizados. Esse quadro artístico tem se mantido até o início do século XXI. Metalinguagem,experimentalismo formal, engajamento social, mistura de tendências estéticas são alguns dos traços que marcaram a produção contemporânea.
As manifestações literárias desse período desenvolvem-se a partir de duas linhas-mestras:
De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanhada do surgimento de novosartistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados as linhas tradicionais da literatura brasileira como:
O Regionalismo: que é o movimento literário que se caracteriza pela recriação ficcional ou poética da linguagem, da ambiência e dos tipos humanos de uma região.Entre as características do regionalismo está a oposição entre o meio rural e o meio urbano, identificando-se o primeiro ao regional e o segundo ao universal.Para uma obra ser regionalista ela precisa ter como pano de fundo uma região em particular e retirar desta toda sua substância real localismo,folclore,tradição,história.E contemporaneamente, alguns textos (especialmente os de investigação histórica) preservam matrizes fortes do regionalismo.
O Intimismo: que é a corrente literária e artística da expressão dos mais íntimos sentimentos da alma.
O Urbanismo: que é movimento literário pouco definido que quando presente situa as obras em meio às urbes caóticas e à tudo que acontece dentro das mesmas,retrata os edifícios, automóveis, a agitação incessante entre outros componetes dos centros urbanizados.
A Introspecção psicológica: que é o ato pelo qual o sujeito observa os conteúdos de seus próprios estados mentais, tomando consciência dos mesmos. Dentre os possíveis conteúdos mentais passíveis de introspecção, destacam-se as crenças, as imagens mentais (sejam visuais, auditivas, olfativas, sonoras, tácteis), as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral (conceitos, raciocínios, associações de idéias).Há um debate contemporâneo nos campos da Epistemologia e da Filosofia da Mente acerca da natureza, das características e da validade do conhecimento gerado pela introspecção que nada mais é do que o autoconhecimento.
De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dispersam através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pouco convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças da repressão. Nessa vertente nascem os movimentos que serão mostrados nas postagens a seguir.
Concretismo e Poesia-práxis




A poesia-práxis:que é a vanguarda poética dos anos 50 e 60 que mais deu o que falar,aquela que preoucupa-se com a palavra-energia,que gera outras palavras - uma valorização do ato de compor. O autor práxis não escreve sobre temas, ele parte de áreas (seja um fato externo ou emoção), procurando conhecer todos os significados e contradições possíveis e atuantes das mesmas, através de elementos sensíveis que conferem a elas a realidade e a existência.Tem como idéia central construir poemas com base na prática da vida.Ela surge como consequência de uma dissidência no grupo concretista,no final dos anos 50,no entanto,só em 1961 lançaria seu Manifesto Didático,assinado por seu principal poeta: Mário Chamie que em sua obra Lavra Lavra (1962) faz uma espécie de manifesto: "as palavras não são corpos inertes, imobilizados a partir de quem as profere e as usa... As palavras são corpos- vivos. Não vítimas passivas do contexto",o seu texto valoriza a palavra,caracterizando-se pela ``periodicidade e repetição das palavras,cujo sentido e dicção mudam``,conforme sua posição no texto. Os poetas práxis eram arqui-rivais dos concretos e partiam da idéia de que, no final dos anos 50, a poesia deflagrada pelos modernismo de 22 atingira um estágio de esgotamento. Em especial, criticavam os poetas da chamada geração de 45, pelo seu beletrismo neoparnasiano, sua repetição de recursos já consagrados e seu retorno às formas fixas, como o soneto. Podemos compreender a poesia-práxis observando as obras de Mário Chamie como:


Poema-processo e Poesia Social




Ainda referindo-se à literatura contemporânea podemos retratar que a ficção brasileira a partir da década de 1960 consolidou a tendência,já apontada nas décadas anteriores, de abandonar a abordagem realista.A visão de um mundo complexo e fragmentado manifestou-se na prosa de ficção com a ruptura da narrativa linear e totalizante e com a construção de uma narração desordenada,fragmentária,sem um foco narrativo claramente definido. Com a estética modernista, o conto foi submetido a radicais transformações, sendo uma delas o enriquecimento temático proporcionado pela contribuição da literatura regionalista. Do ponto de vista técnico, o relato objetivo e linear,com sua estritura de começo,meio e fim, e a narrativa em crescendo, mantida pelo suspense, deu pouco a pouco lugar à simples evocação, ao instantâneo fotográfico, aos episódios ricos de sugestão,aos flagrantes de atmosferas intensamente poéticas, aos casos densos de significação humana.
Artes Plásticas
O século XX revelou para o olhar futurista um mundo tecnológico, um mundo mergulhado na vertigem da velocidade, em que tudo se podia deslocar. Um certo espírito cosmopolita impregnava a vida e promovia o encontro das pessoas. Na travessia do século, também os olhares cubistas, dadaístas e de outros movimentos artísticos buscavam caminhos novos. A arte passou a retratar coisas que pareciam ter-se cansado de ser elas mesmas, em sua cópia fiel. A arte deixou de ser um duplo do mundo. A produção das décadas seguintes aprofundou a rebeldia da modernidade. Telas não se sujeitavam mais à prisão da superfície plana e lançavam relevos no espaço. Ou se abriam para que nelas se insinuasse o ar. Esculturas recusavam o repouso de pedestais para conversar com a aragem, com o vento. A arte contemporânea interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura. No movimento artístico anterior, o artista de vanguarda tinha a necessidade de experimentar técnicas e metodologias, com o objetivo de criar novidades e se colocar à frente do progresso tecnológico. Já o artista contemporâneo coloca em suas produções a "ausência do novo", num retorno à tradição,ele tem outra mentalidade, a marca de sua arte não é mais a novidade moderna e mesmo a experimentação de técnicas e instrumentos novos visa a produção de outros significados. Tornou-se necessário para a contemporaneidade insinuar uma crítica da imagem. O artista reprocessa linguagens aprofundando a sua pesquisa e sua poética,ele associa sua liberdade de criação à técnicas tradicionais. A arte passou a ocupar o espaço da invenção e da crítica de si mesmo, não havendo mais uma visão pronta do mundo. O pintor contemporâneo sabe que ele pinta mais sobre uma tela virgem, e é indispensável saber ver o que está atrás do branco: uma história. O que vai determinar a contemporaneidade é a qualidade da linguagem, o uso preciso do meio para expressar uma idéia, onde pesa experiência e informação. Não é simplesmente o manuseio do pincel que vai qualificar a atualidade de uma obra de arte. O que há na Arte Contemporânea é uma pluralidade de estilos, de linguagens, contraditórios e independentes, convivendo em paralelo, porque a arte contemporânea não é o lugar da afirmação de verdades absolutas. Foi a partir da realização da coletiva "Opinião 65" que uma série de eventos e manifestações culturais coletivas se sucederam, sendo a um só tempo vitrine e fórum de discussão desta nova arte então emergente. Em São Paulo, este clima de entusiasmo e discussões acerca deste novo realismo nas artes também se refletiu. Os paulistas deram seqüência à discussão de questões então levantadas, e em especial acerca do caráter e da função da vanguarda brasileira, em “Propostas 65”, realizada na FAAP, em dezembro do mesmo ano, 1965. “Opinião 65” portanto, não foi apenas um marco de ruptura com a arte do passado e com uma estética cômoda, em referência à pintura abstrata mas também representou o marco de um novo ciclo que se abria no cenário artístico-cultural do país de intensos e apaixonados debates, atividades, performances, exposições e coletivas.
Pop Art e Expressionismo Abstrato





Arte Conceitual e Arte Povera


Body Art e Híper-realismo




Escultura




Arquitetura



Oscar Niemeyer arquiteto brasileiro considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Modernista internacional foi um pioneiro na exploração das possibilidades construtivas únicas do concreto armado, uma técnica de estrutura que diferencia-se do concreto devido ao fato de receber uma armadura metálica responsável por resistir aos esforços de tração. Apesar de ser um defensor do utilitarismo, suas obras não tinham a aparência fria ou forma blocada tão criticada por pós-modernistas. Seus prédios têm formas tão dinâmicas e curvas tão sensuais que fazem com que se diga que Niemeyer seja mais um escultor monumental que um arquiteto. No Brasil, projeta em São Paulo o Conjunto do Ibirapuera (um parque com pavilhões de exposições em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade) e o COPAN, em 1951 e no ano seguinte constrói sua própria casa no Rio de Janeiro. Esta, chamada a Casa das Canoas, nome da estrada em que se encontra, tornar-se-á muitos anos mais tarde parte da Fundação Oscar Niemeyer.Em 1956, Juscelino Kubitschek volta a entrar em contato com Niemeyer. Desta vez tem um projeto político mais ambicioso, e o chama para a direção da Novacap, empresa urbanizadora da nova capital, um projeto para mover a capital nacional para uma região despovoada do centro do país.Niemeyer abre um concurso para o projeto urbanístico de Brasília, a nova capital e o vencedor é o projeto de seu antigo patrão e grande amigo,

A partir da inauguração de Brasília percebe-se a decadência gradual dos valores que possibilitaram uma arquitetura de tal qualidade que foi aclamada no exterior, ombreando-se com o que de melhor foi realizado em todo o mundo naquela época.Assim pode ser evidenciada a perda de qualidade e direção da prática arquitetônica posterior à década de 1960, situação na qual ainda estamos imersos devido a diversos fatores internos e externos que decorreram, porém o principal fator que determinou o abandono da arquitetura moderna no Brasil, e que inclusive permitiu a penetração tão fácil de valores culturais prejudiciais, foi o desconhecimento do que significava essa arquitetura e quais eram seus verdadeiros valores, por parte das gerações que sucederam aquela, tão bem sucedida.

Música - Bossa Nova
A Bossa Nova

A década de 50 foi marcada pelo aparecimento de uma geração de músicos e poetas que mudou definitivamente o estilo de nossa música popular: a Bossa Nova, que foi atacada pelos críticos mais ortodoxos como mera influência do jazz em nossa música. Nada mais retrógrado e fora da realidade, porque, se alguma influência houve, ela se deu no sentido contrário, com os maiores músicos americanos prestando homenagens sem conta à Bossa Nova. É só lembrar as gravações de Frank Sinatra com Antonio Carlos Jobim, as do saxofonista Stan Getz, as de Ella Fitzgerald, assim como as de Sarah Vaughan. Como sempre, o “novo” causa embaraço e temor ao “estabelecido”, e a Bossa Nova chegou para sepultar um jeito excessivamente romântico e europeizado que cobria de mofo parte da riqueza de nossa música. A Bossa Nova surgiu em uma circunstância muito especial da história do Brasil, que redemocratizado após o fim da Segunda Guerra Mundial, começava a se encontrar com seu destino. Há quem considere decisivo o surgimento de um baiano chamado João Gilberto, que com seu jeito “diferente” de cantar e tocar violão subverteu a máxima que garantia que “bom cantor, tinha que ter vozeirão”. João chegou de mansinho com um repertório que incluía músicas novas e releituras de antigos sucessos da MPB. E o seu primeiro disco, “Chega de Saudade”, gravado e lançado em 1959, tornou-se a primeira pilastra do monumento nacional chamado de Bossa Nova. Na verdade, a Bossa Nova não chegou para relegar ao passado a nossa memória musical. Muito ao contrário, revigorou o samba urbano, trazendo um acento diferente que encantou o mundo. Pode-se dizer que, apesar de o Papa da Bossa Nova ser baiano, ela surgiu na Zona Sul do Rio de Janeiro, num perímetro que ia de Copacabana a Ipanema. É que ali vivia uma geração de jovens extremamente talentosos: Tom Jobim, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Ronaldo Boscoli e muitos outros. Reunidos em apartamentos em Copacabana como dos pais de Nara, ou do poeta e compositor Osvaldo Santiago (parceiro de Braguinha), eles iam trocando figurinhas, namoros, harmonias, melodias, letras de música.Jobim, o mais profissionalizado de todos, já que vivia de tocar na noite e dos arranjos que começava a escrever, viria a se tornar um ícone da Música Popular Brasileira, seja nas suas parcerias com Newton Mendonça ou com Vinícius de Moraes. Se bem que uma de suas canções mais conhecidas (ao lado de “Garota de Ipanema”, feita em parceria com Vinícius), e que é considerada a música brasileira de maior número de gravações e execuções em todo o mundo, foi feita sem parceiros: a maravilhosa “Águas de Março”, que em dueto com Elis Regina, até hoje certamente ainda encanta desde o mais simples ouvinte até os anjos no Paraíso. O que havia de realmente diferente naquela nova música que surgia era o fato de que seus autores não vinham dos morros, como os sambistas tradicionais, ou das camadas mais desfavorecidos do tecido social brasileiro. Quase todos nasceram em ambientes de classe média ou alta, o que lhes proporcionou uma educação mais ampla. Puderam estudar música de forma sistemática, e em suas vitrolas rodavam, além dos discos de música brasileira, os grandes compositores americanos como George Gershwin, Richard Rodgers e Cole Porter, tendo sido influenciados por eles no que se refere ao apuro técnico, aos arranjos e à qualidade das gravações. Este “berço dourado” foi o responsável por muitos dos ataques desferidos à Bossa Nova por aqueles estudiosos e críticos mais severos. Para eles, só a música vinda do “povo” poderia ser rotulada de “verdadeiramente brasileira”. Se estes acertavam no alvo ao apontar o samba, o choro, o baião e alguns outros ritmos como os verdadeiros produtos de nossa cultura, erravam feio ao discriminar a Bossa Nova por não ter ela nascido em favelas, mocambos ou mangues. Havia algo de errado no reino da sociologia da música, e o tempo se encarregaria de mostrar quem estava com a razão. É preciso destacar também o estupendo avanço na tecnologia de gravação – microfones mais sensíveis, a construção de estúdios de primeira qualidade, a passagem do HI-FI (alta fidelidade) para o sistema estéreo, o surgimento do LP, aposentando definitivamente as pesadas “bolachas” de 78 rotações por minuto. Não era mais preciso ter voz de tenor (como Francisco Alves) para tocar o coração do público. Bem é verdade que alguns poucos art


Tropicalismo


