quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Contexto histórico, político e social do Brasil (1955-1968)

O Brasil e o restante da América do Sul, mesmo antes de seu descobrimento oficial, já estavam divididos entre duas potências européias (Portugal e Castela). Oficialmente, o descobridor foi Pedro Álvares Cabral, tendo avistado terra em 21 de abril e chegado à atual Porto Seguro (Bahia) em 22 de Abril de 1500. A ocupação efetiva se deu a partir de 1532, com a fundação de vila de São Vicente, por Martim Afonso de Sousa. Insatisfeito, Dom João III decidiu criar um governo central para corrigir os problemas sem abolir as capitanias.Foi enviado Tomé de Sousa como primeiro governador-geral, que em 29 de março de 1549 fundou a cidade de Salvador como capital do Brasil. Ao longo do século XVI, foi-se ensaiando a escravidão, inicialmente a dos indígenas (que não aceitaram a escravidão e foram massacrados aos milhares pelos portugueses), e a partir das últimas décadas a dos africanos, pois já havia muitos escravos negros em Portugal. Desde seu descobrimento o país passou a ser controlado pelos português,uma vez que estes o tornaram sua colônia e dele retiraram tudo aquilo que poderia lhes trazer lucros (pau-brasil,produtos naturais tropicais,ouro,pedras preciosas entre outras coisas).Primeiramente iniciaram a exploração intensa de seu litoral e com o tempo passaram a fazer o mesmo em seu interior. Podemos dividir o contexto histórico do Brasil em Período Pré-colonial,Período Colonial,Império e por fim a parte que nosso trabalho dará maior enfoque que é a República. O período Republicano brasileiro tem início em 1889 quando junto com o Partido Republicano Paulista, Deodoro da Fonseca dá um golpe militar tornando-se presidente do governo provisório até 1891 quando a Constituição fica pronta. Entre 1889 e 1930, os Estados dominantes de São Paulo e Minas Gerais alternaram o controle da Presidência, período conhecido como República do café-com-leite.Sendo a política externa deste período caracterizada pelo isolacionismo,confirmado pela modesta participação do país na Primeira Guerra Mundial, ao lado dos aliados. Após uma década marcada por movimentos militares e turbulência política que levaram à decadência do modelo de poder deste primeiro período repúblicano,uma junta militar assumiu o controle em 1930, tendo Getúlio Vargas tomado posse pouco depois e permanecido como governante ditatorial por quinze anos (até 1945), período no qual o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial, novamente do lado aliado. Com a volta da normalidade democrática em 1945, Vargas consegue ainda ser reeleito em 1950 e permaneceu no cargo até seu suicídio em 1954. Após 1930, os sucessivos governos continuaram com o crescimento industrial e agrícola do país e com o desenvolvimento do vasto interior brasileiro. Com a morte de Getúlio Vargas,o vice-presidente João Café Filho assume o poder em 1954,período de agitação,sendo seu governo manipulado pelos políticos da UDN(União Democrática Nacional). Em 1955 é realizada uma nova eleição para a presidência do país onde Juscelino Kubitschek,lançado pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), é eleito. Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete. Foi empossado em 31 de janeiro de 1956 e governou por 5 anos, até 31 de janeiro de 1961,lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,também chamado de Plano de Metas com o lema "Cinquenta anos em cinco", o qual possuia 31 metas distribuídas em seis grandes grupos:energia, transportes, alimentação, indústria de base, educação e — a meta principal — Brasília. Visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões com a nova capital localizada no centro do território brasileiro.Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia a americana. Seu mandato foi marcado por grande calmaria política, sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças, em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insatisfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças Armadas. Com o fim das revoltas, Juscelino concedeu "anistia ampla e irrestrita" a todos os envolvidos nos acontecimentos. O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças como por exemplo a Criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), implantando várias indústrias de automóvel no país,a criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear,a expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens de Furnas e Três Marias,a criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon),a abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si,a criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço,a criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a Fundação de Brasília. Durante esse governo houve um grande avanço industrial e a sua força motriz estava concentrada nas indústrias de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e não-duráveis. O governo atraiu o investimento de capital estrangeiro no país incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente as automobilísticas. Essa política desenvolvimentista só foi possível por meio de duas realizações de Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), em 1946 e a Petrobras, em 1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar a produzir chapas de ferro e laminados de aço, necessários como material para outras indústrias na fabricação de ferramentas, pregos, eletrodomésticos, motores, navios, automóveis e aviões. A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilística que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como plásticos, tintas, asfalto, fertilizantes e borracha sintética. Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas atividades econômicas tradicionais. Por esse motivo, as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do Nordeste para o Sudeste e do campo para a cidade. Os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros, enquanto que a maioria continuava política e economicamente marginalizada,ou seja,concentração de riquezas nas mãos de poucos. Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene, em 1959, para promover o desenvolvimento do Nordeste,porém,o seu partido, o PSD, era ligado aos coronéis do interior, o que impediu que a mesma fosse um instrumento da prática da Reforma Agrária na região,o que contribuiria decisivamente para o fim das desigualdades sociais. Além desses problemas, o progresso econômico também gerou muitas dívidas pois apesar de o Produto Interno Bruto – PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da América Latina,as exportações não atingiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos empréstimos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada vez mais desvalorizada. A sorte de Juscelino foi que esses problemas só vieram à tona quando seu mandato estava bem perto do fim, e isto não abalou a sua imagem diante da população, que até hoje o considera como um político visionário e de grande responsabilidade pelo desenvolvimento do país. Em 1960 foi realizada mais uma eleição presidencialista onde Jânio Quadros foi eleito com 48% dos votos válidos. Esta eleição foi caracterizada por grande participação,muitos comícios,utilização maior da TV como meio de propaganda e o uso dos símbolos como por exemplo as vassouras pelos janistas. Jânio Quadros,em 31 de janeiro de 1961, tomou posse da presidência do Brasil assessorado por João Goulart, o vice-presidente eleito,foi considerado símbolo da reforma política e da justiça social.Em seu mandato, agiu de forma firme contra a inflação e os maus resultados da burocracia. Criticou fortemente o governo de Kubitschek atribuindo à ele a inflação,o nepotismo, a má administração pública e a grande dívida externa. Criou uma nova política que firmava relações internacionais, não permitia intervenção externa à política, criou reservas indígenas, destruiu o câmbio que beneficiava apenas alguns grupos econômicos, proibiu a utilização do lança-perfume, proibiu o uso de biquíni em concursos de miss transmitidos pela televisão e ainda as brigas de galo. Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou o poder deixando toda a população assustada com sua atitude. Acredita-se que tal renúncia era apenas um tipo de encenação para que o Parlamento lhe oferecesse liberdade governamental além do apoio do exército brasileiro. O Congresso, ao contrário do que Jânio Quadros esperava, aceitou prontamente sua renúncia que daria a João Goulart a sua sucessão. Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do vice-presidente João Goulart ao posto presidencial. Tendo sérias desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças Armadas alegavam que a passagem do cargo colocava em risco a segurança nacional. De fato, vários grupos políticos conservadores associavam o então vice-presidente à ameaçadora hipótese de instalação do comunismo no Brasil. Com isso, diversas autoridades militares ofereceram uma carta ao Congresso Nacional reivindicando a extensão do mandato de Ranieiri Mazzilli, presidente da Câmara que assumiu o poder enquanto Jango estava em viagem à China. Inicialmente, esses militares se manifestavam à realização de novas eleições para que a possibilidade de ascensão de Jango fosse completamente vetada. No entanto, outros políticos e militares, como o Marechal Lott, eram a favor do cumprimento das regras políticas. Foi nesse contexto que várias figuras políticas da época organizaram a chamada “Campanha da Legalidade”, onde utilizavam dos meios de comunicação para obter apoio à posse de João Goulart.Paralelamente, sabendo das pressões que o cercavam, Jango estendeu sua viagem realizando uma visita estratégica aos EUA, como sinal de sua proximidade ao bloco capitalista. Com a possibilidade do golpe militar enfraquecida por essas duas ações, o Congresso Nacional aprovou arbitrariamente a mudança do regime político nacional para o parlamentarismo. Dessa maneira, os conservadores buscavam limitar significativamente as ações do Poder Executivo e, consequentemente, diminuir os poderes dados para Jango. Foi dessa forma que, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a vaga deixada por Jânio Quadros. A instalação do parlamentarismo fez com que João Goulart não tivesse meios para aprovar suas propostas políticas. Mesmo assim, elaborou um plano de governo voltado para três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico, o combate à inflação e a diminuição do déficit público. No entanto, o regime parlamentarista impedia que as questões nacionais fossem resolvidas por meio de uma consistente coalizão política. O insucesso do parlamentarismo acabou forçando a antecipação do plebiscito que decidiria qual sistema político seria adotado no país. Em 1963, a população brasileira apoiou o retorno do sistema presidencialista, o que acabou dando maiores poderes para João Goulart. Com a volta do antigo sistema, João Goulart defendeu a realização de reformas que poderiam promover a distribuição de renda por meio das chamadas Reformas de Base. Em março de 1964, o presidente organizou um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defendia a urgência dessas reformas políticas. Nesse evento, foi presenciada a manifestação de representações e movimentos populares que apoiavam incondicionalmente a proposta presidencial. Entre outras entidades aliadas de Jango, estavam a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas (defensoras da Reforma Agrária) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o golpe contra João Goulart. Ao mesmo tempo, os grupos conservadores realizaram um grande protesto público com a realização da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora (MG) marcharam para o Rio de Janeiro com claro objetivo de realizar a deposição de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar. Dessa maneira, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando mobilizar forças políticas que poderiam deter a ameaça golpista. Entretanto, a eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os primeiros passos para a ditadura militar no Brasil. No plano internacional, a vitória da Revolução Cubana fez surgir a discussão sobre as relações da força entre as grandes nações e aguçou nos países do Terceiro Mundo a consciência da necessidade de independência em relação aos Estados Unidos e à União Soviética. Tendo sido deposto o presidente João Goulart pelo golpe militar de 1964, foi baixado pela junta militar, em 9 de abril de 1964, um Ato Institucional que transformou o Congresso Nacional em Colégio Eleitoral para a designação do Presidente da República que exerceria o cargo até 31 de janeiro de 1966, quando os militares planejavam devolver o poder aos civis (o que só ocorreu em 1985). Assim sendo, a eleição presidencial realizou-se no dia 11 de abril de 1964,doze dias após o golpe e foi a primeira a ocorrer de forma indireta desde 1945, elegendo Castello Branco. Entre outras medidas, o novo governo estabeleceu a nacionalização do setor petrolífero, a proibição da desapropriação de terras, a cassação dos direitos políticos de alguns parlamentares e ex-presidentes, o rompimento das relações com Cuba e a investigação contra os opositores ao governo. Os quadros ministeriais de Castello Branco foram compostos por antigas figuras políticas do UDN e do PSD, e dos pensadores da Escola Superior de Guerra, também conhecido como “grupo da Sorbonne”. Os movimentos estudantis e a União Nacional dos Estudantes (vistos como uma ameaça ao regime militar) foram colocados na ilegalidade. Os centros de ensino superior do país passaram a ser constantemente vistoriados por autoridades do regime militar. Em 1965, o Ministério da Educação e Cultura estabeleceu a reformulação das grades curriculares no ensino médio e superior. Os estudantes não teriam mais direito de participação nas questões administrativas nas faculdades. Os trabalhadores também sofreram grande pressão do governo de Castello Branco com a intervenção militar em diversos sindicatos. Na zona rural, a ascendente Liga Camponesa, liderada por Francisco Julião, foi colocada na ilegalidade. Os meios de comunicação ainda tinham uma autonomia relativa. Nos jornais ainda saíam algumas notícias denunciando as prisões arbitrárias e a prática de tortura. No entanto, essa liberdade refletiva dos meios de comunicação logo teve seu fim. A luta contra a desordem que justificava a intervenção militar logo sofreu outras frentes de oposição. No ano de 1966, os partidos contrários à ditadura conseguiram eleger governadores no Rio de Janeiro e Minas Gerais. A potencial oposição política forçou a imposição do Ato Institucional nº 2. De acordo com essa medida, todos os partidos foram postos na ilegalidade, restando apenas duas novas legendas: o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e o ARENA (Aliança Renovadora Nacional). A população brasileira logo reagiu contra as arbitrariedades dos militares. Várias passeatas, manifestações e mobilizações estudantis tomavam as ruas exigindo o fim da ditadura. Em resposta, os militares colocavam os seus soldados para responder violentamente aos protestos. Logo em seguida, novos atos institucionais seriam decretados com o objetivo de refrear as vias de oposição institucional e popular. Em janeiro de 1966, o Ato Institucional nº 3 estabelecia a eleição indireta para a escolha dos governadores estaduais. Os prefeitos dos grandes centros urbanos só poderiam chegar ao poder através da nomeação dos governadores. Além disso, o regime militar poderia decretar Estado de Sítio sem a aprovação prévia do Congresso Nacional. Dessa forma, o Poder Executivo Federal ganhava amplos poderes de atuação política. No plano econômico os militares se preocuparam em combater o processo inflacionário que, na época, atingia os 100% anuais. Dessa forma, o regime ditatorial apoiou a abertura da economia para que empresas estrangeiras reaquecessem o setor produtivo brasileiro. Além disso, o funcionalismo público, o salário mínimo e as linhas de crédito foram imediatamente controlados ou reduzidos. Ao fim do mandato de Castello Branco, uma nova carta constitucional foi redigida para o país. Nela o princípio federalista, que conferia autonomia aos poderes estaduais, foi nitidamente enfraquecido. As novas Leis de Imprensa e Segurança Nacional censuravam as liberdades democráticas sobre o pretexto de controlar os “inimigos internos” da nação. A escolha do presidente ficava a cargo do Congresso Nacional, que agindo sob pressão dos militares elegia os candidatos de seu interesse. Nas eleições de 1966 o ministro da guerra Artur da Costa e Silva foi o único candidato na sucessão do Presidente Castello Branco e foi eleito em 3 de outubro de 1966. Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para que os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do país com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores mais repressivos – ganhou força para que as liberdades democráticas fossem aniquiladas e o regime finalmente consolidado. No campo econômico, o governo Costa e Silva buscou aplicar uma política de desenvolvimento capaz de aproximar os setores médios ao novo regime. Esse plano tinha como principais metas conter o processo inflacionário e a retomada do crescimento econômico nacional. Para tanto, o governo empreendeu uma série de mudanças que reduziam o consumo por meio do congelamento salarial e a abertura da economia ao capital estrangeiro. Ao mesmo tempo, os militares favoreceram os trabalhadores especializados de classe média abrindo a concessão de créditos para que essa parcela da população vivesse uma eufórica possibilidade de consumo. No cenário político da época observamos uma interessante movimentação onde apoiadores do regime passaram a se voltar contra o mesmo. Carlos Lacerda, um dos colaboradores do golpe, se uniu a outras figuras políticas da época para formar a chamada Frente Ampla, grupo político que exigia a reinstalação dos governos civis e a preservação da soberania nacional. Entretanto, a extinção dos direitos políticos e o fechamento dos partidos enfraqueceu a continuidade da Frente. O fechamento das vias oficiais de atuação política acabou transferindo um importante papel de oposição aos estudantes, que passaram a criticar a repressão e o desmando dos militares. O enfrentamento acabou provocando um grave incidente, o estudante secundarista Edson Luís de Lima Souto acabou sendo morto pelas autoridades. Sua morte acabou incitando um grande protesto contra o regime militar que tomou as ruas do Rio de Janeiro e ficou conhecido como a Passeata dos Cem Mil. O endurecimento do regime também motivou os grupos políticos a adotarem a luta armada como via de combate aos militares. Inspirados pela Teoria do Foco Guerrilheiro, que garantiu a vitória da Revolução Cubana, esses oponentes pegaram em armas esperando empreender a derrubada do regime militar. Entre outros movimentos armados podemos destacar a Ação Libertadora Nacional (ALN), O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Ação Popular Marxista Leninista (APML). Em contrapartida, o próprio governo e determinados grupos civis organizaram ações para desestabilizar a ação dos grupos de esquerda no país. As Forças Armadas criaram serviços de informação responsáveis pelo controle das atividades. O Centro de Informações do Exército (CIEX), o Centro de Informações da Aeronáutica (CISA) e o Centro de Informações da Marinha (CENIMAR) eram os três órgãos que investigavam as atividades políticas daqueles que eram considerados “uma ameaça à ordem nacional”. Entre a população civil, houve essa mesma preocupação com o estabelecimento de grupos visivelmente contra setores de esquerda. O Centro de Caça aos Comunistas (CCC),o grupo católico Tradição, Família e Propriedade (TFP) e o Movimento Anti-Comunista (MAC) completava esse processo de vigília permanente contra os possíveis inimigos da ditadura. Contudo, seria outra medida autoritária do governo que garantiria a desarticulação dos comunistas. No final do ano de 1968, o presidente Costa e Silva anunciou a instalação do Ato Institucional nº 5 que dava fim a todos os direitos civis, permitia a cassação dos mandatos parlamentares e o fechamento do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais sob a ordem direta do presidente. Ao mesmo tempo, limitava os poderes do Judiciário ao suspender o direito de hábeas corpus em crimes que iam contra a “segurança nacional”.O Congresso Nacional foi fechado desde então. Com tal medida, a perseguição política entrava em seus “anos de chumbo”, marcados pelas torturas, mortes e prisões que comporiam os sombrios “porões da ditadura”. Enquanto a repressão se fortalecia, um novo episódio autoritário tomou conta do governo com o afastamento do presidente Costa e Silva, então vítima de um derrame cerebral. A Câmara dos Deputados e Senado foram reabertos para eleger o novo presidente e vice-presidente da República, a 22 de outubro de 1969 já que o vice-presidente, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo presidencial pelas lideranças militares que dirigiam o regime e indicaram o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, Emilio Garrastazu Médici,como novo presidente do Brasil. Dessa forma, o grupo da chamada “linha-dura” impediu a flexibilização do regime e deu início a um dos períodos mais radicais da ditadura militar.

A arte no período (1955-1968) - Literatura

A cultura brasileira vivenciou um período de acentuado desenvolvimento tecnológico e industrial entretanto, neste período ocorreram diversas crises no campo político e social. Os anos 60,época do governo democrático-populista de Juscelino Kubitschek,foram repletos de uma verdadeira euforia política e econômica, com amplos reflexos culturais como: Bossa Nova, Cinema Novo, teatro de Arena, as Vanguardas, e a Televisão. A crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar que derrubou João Goulart colocaram fim nessa euforia, estabelecendo um clima de censura e medo no país (promulgação do Ato Institucional nº 5,fechamento do Congresso, jornais censurados, revistas, filmes, músicas, perseguição e exílio de intelectuais, artistas e políticos). A cultura usou disfarces ou recuou.

Literatura

A primeira manifestação de mudança na literatura se dá com a geração de 1940-50, cujo objetivo é renovar os meios de expressão a partir de uma pesquisa em torno da linguagem. No fim da década de 1950 e início da de 1960,esse movimento convive com o Concretismo,que,de certa forma, dá continuidade às pesquisas da geração de 1940-50, porém acentuando seu aspecto formal. Com o fechamento político do país imposto pelo AI-5 e com a onda de censura,prisões e exílios, a produção artística como um todo sofre um refluxo. A partir daí, dá uma dispersão cultural, que tem como consequência o aparecimento de valores individuais em lugar de movimentos artísticos organizados. Esse quadro artístico tem se mantido até o início do século XXI. Metalinguagem,experimentalismo formal, engajamento social, mistura de tendências estéticas são alguns dos traços que marcaram a produção contemporânea.
As manifestações literárias desse período desenvolvem-se a partir de duas linhas-mestras:
De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanhada do surgimento de novosartistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados as linhas tradicionais da literatura brasileira como:

O Regionalismo: que é o movimento literário que se caracteriza pela recriação ficcional ou poética da linguagem, da ambiência e dos tipos humanos de uma região.Entre as características do regionalismo está a oposição entre o meio rural e o meio urbano, identificando-se o primeiro ao regional e o segundo ao universal.Para uma obra ser regionalista ela precisa ter como pano de fundo uma região em particular e retirar desta toda sua substância real localismo,folclore,tradição,história.E contemporaneamente, alguns textos (especialmente os de investigação histórica) preservam matrizes fortes do regionalismo.

O Intimismo: que é a corrente literária e artística da expressão dos mais íntimos sentimentos da alma.

O Urbanismo: que é movimento literário pouco definido que quando presente situa as obras em meio às urbes caóticas e à tudo que acontece dentro das mesmas,retrata os edifícios, automóveis, a agitação incessante entre outros componetes dos centros urbanizados.

A Introspecção psicológica: que é o ato pelo qual o sujeito observa os conteúdos de seus próprios estados mentais, tomando consciência dos mesmos. Dentre os possíveis conteúdos mentais passíveis de introspecção, destacam-se as crenças, as imagens mentais (sejam visuais, auditivas, olfativas, sonoras, tácteis), as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral (conceitos, raciocínios, associações de idéias).Há um debate contemporâneo nos campos da Epistemologia e da Filosofia da Mente acerca da natureza, das características e da validade do conhecimento gerado pela introspecção que nada mais é do que o autoconhecimento.

De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dispersam através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pouco convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças da repressão. Nessa vertente nascem os movimentos que serão mostrados nas postagens a seguir.

Concretismo e Poesia-práxis

O Concretismo: que foi idealizado e realizado pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari(que são os principais artistas do movimento) . Em 1952 esse movimento começou a ser divulgado através da revista "Noigrandes"("antídoto contra o tédio" em linguagem provençal), mas seu lançamento oficial aconteceu em 1956, com a Exposição Nacional da Arte Concreta em São Paulo. Suas propostas aparecem no Plano- Piloto da Poesia Concreta(que era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial,São Paulo vivia o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922,por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical). Tem como características principais o ideograma (apelo à comunicação não-verbal), a atomização (comumente as palavras são desmanchadas, criando outras significações), a metacomunicação (simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal), a polissemia (muitos significados,trocadilhos, justaposição de substantivos e verbos,aliteração) e a estrutura verbivocovisual (valorização do campo visual, do aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição das palavras). o poema assume a forma de cartaz,de cartão,de anúncio,de dobradura, de fotografia,de colagem,enfim a forma de um objeto qualquer de produção industrial e o poeta se transforma em um artista gráfico,em um artesão sintonizado com o seu tempo. Teve vários desdobramentos, como o Neoconcretismo no Rio de Janeiro, o poema-processo e a poesia-práxis. Podemos compreender o concretismo observando obras como:


A poesia-práxis:que é a vanguarda poética dos anos 50 e 60 que mais deu o que falar,aquela que preoucupa-se com a palavra-energia,que gera outras palavras - uma valorização do ato de compor. O autor práxis não escreve sobre temas, ele parte de áreas (seja um fato externo ou emoção), procurando conhecer todos os significados e contradições possíveis e atuantes das mesmas, através de elementos sensíveis que conferem a elas a realidade e a existência.Tem como idéia central construir poemas com base na prática da vida.Ela surge como consequência de uma dissidência no grupo concretista,no final dos anos 50,no entanto,só em 1961 lançaria seu Manifesto Didático,assinado por seu principal poeta: Mário Chamie que em sua obra Lavra Lavra (1962) faz uma espécie de manifesto: "as palavras não são corpos inertes, imobilizados a partir de quem as profere e as usa... As palavras são corpos- vivos. Não vítimas passivas do contexto",o seu texto valoriza a palavra,caracterizando-se pela ``periodicidade e repetição das palavras,cujo sentido e dicção mudam``,conforme sua posição no texto. Os poetas práxis eram arqui-rivais dos concretos e partiam da idéia de que, no final dos anos 50, a poesia deflagrada pelos modernismo de 22 atingira um estágio de esgotamento. Em especial, criticavam os poetas da chamada geração de 45, pelo seu beletrismo neoparnasiano, sua repetição de recursos já consagrados e seu retorno às formas fixas, como o soneto. Podemos compreender a poesia-práxis observando as obras de Mário Chamie como:

Poema-processo e Poesia Social

O poema-processo: foi um movimento artístico desenvolvido no período de 1967 a 1972, decorrente do concretismo. Wlademir Dias Pino em 1967, rompeu com o grupo concreto e lançou o poema processo, com Álvaro de Sá e Moacy Cirne. O poema-processo desejava um objeto artístico reprodutível que atendesse às necessidades de informação e comunicação das massas, pautado pela lógica do consumo imediato. O signo verbal, no poema processo, perde suas particularidades lógico-semânticas e dá lugar à visualidade pura, criando a possibilidade de uma linguagem e comunicação universais. Talvez uma das principais contribuições do poema processo tenha sido a preocupação de produzir um objeto artístico que visasse à reconfiguração do indivíduo, obrigando este a, também, reconstruir o processo lógico que ordena o universo, aparentemente caótico, dos signos constituintes da linguagem do texto. Esse indivíduo, agora consciente, a partir da prática, do poder da linguagem em fundar mundos talvez estará mais atento quando se deparar – como ocorre a todo momento – com tentativas de imposição de discursos alienantes. Podemos compreender o poema-processo observando observando a obra "Sólida" de Wlademir Dias Pino:
























A poesia social: tem como seu principal mentor o maranhense Ferreira Gullar, que, em 1964, rompe com a poesia concreta e retoma o verso discursivo e temas de interesse social (guerra- fria, corrida atômica, neocapitalismo, terceiro mundismo), buscando maior comunicação com o leitor e servir como testemunha de uma época. Após o golpe militar e o Ato Institucional nº 5, empreende uma verdadeira "poesia de resistência" ao lado de outros escritores, artistas e compositores como J.J. Veiga, Thiago de Mello, Affonso Romano de Sant'Ana, Antônio Callado, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho, entre outros). Podemos compreender a poesia-social observando as obras de Ferreira Gullar como as que estão ao lado.





Ainda referindo-se à literatura contemporânea podemos retratar que a ficção brasileira a partir da década de 1960 consolidou a tendência,já apontada nas décadas anteriores, de abandonar a abordagem realista.A visão de um mundo complexo e fragmentado manifestou-se na prosa de ficção com a ruptura da narrativa linear e totalizante e com a construção de uma narração desordenada,fragmentária,sem um foco narrativo claramente definido. Com a estética modernista, o conto foi submetido a radicais transformações, sendo uma delas o enriquecimento temático proporcionado pela contribuição da literatura regionalista. Do ponto de vista técnico, o relato objetivo e linear,com sua estritura de começo,meio e fim, e a narrativa em crescendo, mantida pelo suspense, deu pouco a pouco lugar à simples evocação, ao instantâneo fotográfico, aos episódios ricos de sugestão,aos flagrantes de atmosferas intensamente poéticas, aos casos densos de significação humana.

Artes Plásticas

Pinturas

O século XX revelou para o olhar futurista um mundo tecnológico, um mundo mergulhado na vertigem da velocidade, em que tudo se podia deslocar. Um certo espírito cosmopolita impregnava a vida e promovia o encontro das pessoas. Na travessia do século, também os olhares cubistas, dadaístas e de outros movimentos artísticos buscavam caminhos novos. A arte passou a retratar coisas que pareciam ter-se cansado de ser elas mesmas, em sua cópia fiel. A arte deixou de ser um duplo do mundo. A produção das décadas seguintes aprofundou a rebeldia da modernidade. Telas não se sujeitavam mais à prisão da superfície plana e lançavam relevos no espaço. Ou se abriam para que nelas se insinuasse o ar. Esculturas recusavam o repouso de pedestais para conversar com a aragem, com o vento. A arte contemporânea interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura. No movimento artístico anterior, o artista de vanguarda tinha a necessidade de experimentar técnicas e metodologias, com o objetivo de criar novidades e se colocar à frente do progresso tecnológico. Já o artista contemporâneo coloca em suas produções a "ausência do novo", num retorno à tradição,ele tem outra mentalidade, a marca de sua arte não é mais a novidade moderna e mesmo a experimentação de técnicas e instrumentos novos visa a produção de outros significados. Tornou-se necessário para a contemporaneidade insinuar uma crítica da imagem. O artista reprocessa linguagens aprofundando a sua pesquisa e sua poética,ele associa sua liberdade de criação à técnicas tradicionais. A arte passou a ocupar o espaço da invenção e da crítica de si mesmo, não havendo mais uma visão pronta do mundo. O pintor contemporâneo sabe que ele pinta mais sobre uma tela virgem, e é indispensável saber ver o que está atrás do branco: uma história. O que vai determinar a contemporaneidade é a qualidade da linguagem, o uso preciso do meio para expressar uma idéia, onde pesa experiência e informação. Não é simplesmente o manuseio do pincel que vai qualificar a atualidade de uma obra de arte. O que há na Arte Contemporânea é uma pluralidade de estilos, de linguagens, contraditórios e independentes, convivendo em paralelo, porque a arte contemporânea não é o lugar da afirmação de verdades absolutas. Foi a partir da realização da coletiva "Opinião 65" que uma série de eventos e manifestações culturais coletivas se sucederam, sendo a um só tempo vitrine e fórum de discussão desta nova arte então emergente. Em São Paulo, este clima de entusiasmo e discussões acerca deste novo realismo nas artes também se refletiu. Os paulistas deram seqüência à discussão de questões então levantadas, e em especial acerca do caráter e da função da vanguarda brasileira, em “Propostas 65”, realizada na FAAP, em dezembro do mesmo ano, 1965. “Opinião 65” portanto, não foi apenas um marco de ruptura com a arte do passado e com uma estética cômoda, em referência à pintura abstrata mas também representou o marco de um novo ciclo que se abria no cenário artístico-cultural do país de intensos e apaixonados debates, atividades, performances, exposições e coletivas.
Nas próximas postagens serão observados os movimento artísticos mais célebres presentes na Arte Contemporânea.

Pop Art e Expressionismo Abstrato

Pop Art: o movimento surgiu na Inglaterra,em 1956, com Richard Hamilton, os artistas utilizavam imagens da sociedade de consumo e a cultura popular,criticavam o modo de vida dos americanos através de histórias em quadrinhos, propagandas e os objetos produzidos em massa.Criar produtos para a sociedade de consumo era o objetivo da pop art americana. A pop art representa um período de grande transformação na arte, principalmente na brasileira onde a ditadura militar tinha como fruto a perseguição,prisão,tortura,exílio e morte de diversos artistas em geral. A interpretação do conceito de pop art utilizado pelos americanos é diferente do entendimento dos artistas brasileiros pois estes,na década de 1960, aderiram apenas à forma e à técnica. Imprimiam sua personalidade e opinião crítica às obras, registrando sua insatisfação com a censura proporcionada pelo regime militar, utilizavam da iconografia urbana e o abuso de cores, uma inovação em relação ao construtivismo. Os artistas brasileiros tentaram resgatar alguns conceitos da pop art americana, porém esbarraram na ditadura militar e na precariedade do sistema de artes no país que não oferecia condições de pesquisa para os artistas, fazendo com que eles se restringissem às questões sociais de política e à violência sexual e urbana. O movimento contribuiu para o descobrimento de novas técnicas e suportes. A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar,Antonio Henrique Amaral e Hélio Oiticica que criou o Parangolé,segundo ele uma "antiarte por excelência",uma espécie de capa (ou bandeira, estandarte ou tenda) que só mostra plenamente seus tons, cores, formas, texturas e grafismos, e os materiais com que é executado (tecido, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, palha) a partir dos movimentos de alguém que o vista. Por isso, é considerado uma escultura móvel e o artista considerado um dos poucos que conseguiu aproximar-se da pop art americana.


Expressionismo Abstrato: foi um movimento que surgiu em Nova York a partir de 1940 e acabou exercendo forte influência sobre a Europa nas décadas de 50 e 60 desse século.Suas principais características eram a revolta contra a pintura tradicional,a liberdade e a espontaneidade. O Tachismo, ou a marca deixada pelo pincel, baseada na caligrafia oriental (em especial a chinesa), também teve grande influência sobre o Expressionismo Abstrato. Nesta fase, a arte abstrata passa a ser marcada pelo informalismo lírico e gestual. Os meios de comunicação fornecem os temas para a produção de obras de arte politicamente engajadas. No Brasil, seria arriscado pensar em seguidores fiéis das pesquisas iniciadas pelo expressionismo abstrato,ainda que certos críticos aproximem as obras de Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Flavio-Shiró dessa vertente.

Arte Conceitual e Arte Povera


Arte conceitual: vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra,é aquela que considera a idéia,por trás de uma obra artística como sendo superior ao próprio resultado final, sendo que este pode até ser dispensável.Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual.A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte. Marca as obras de Waltércio Caldas,Regina Silveira e Cildo Meireles,artista que intervém em sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente mensagens políticas durante a ditadura militar.

Arte Povera: pode-se traduzir por "arte pobre", designa um movimento artístico que se desenvolveu na Itália na segunda metade dos anos 60 e que durou até final da década seguinte. O crítico italiano Germano Celant foi o responsável pelo batismo e pela definição conceptual deste movimento em 1967, tornando-se um dos seus principais divulgadores. Representa uma corrente claramente identificável na sua especificidade estética pela existência de componentes comuns a vários artistas. Caracteriza-se pelo uso de materiais simples e naturais que se evidenciam pela sua banalidade ou "pobreza" e que raramente eram utilizados anteriormente, como o caso do papel, do feltro, da metal, da terra. Estes materiais, usados com o objetivo de ultrapassar as distinções entre arte e vida cotidiana, entre natureza e cultura, eram manipulados por processos de caráter eminentemente artesanal.Em alguns casos, os artistas criam trabalhos de duração efemera, utilizando materiais vivos que se decompõem mais ou menos lentamente.